vender tudo aquilo que foi meu durante um ano é estranho. ver a casa que habitei nos últimos 364 dias - sendo que amanhã faz um ano - é caricato. não me afeiçoei necessariamente a nada, mas pensar que outras pessoas vão utilizar as minhas coisas faz-me confusão. uma parte da mobília já foi. a outra ainda espera por ser recolhida. entretanto vou-me recostando na minha cama que ainda lá está e aproveitar as últimas duas semanas de dubai.
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domingo, 26 de maio de 2013
segunda-feira, 20 de maio de 2013
life in the middle east #22
acho que já não é grande segredo que estamos a arrumar as trouxas para abandonar o dubai. depois de, quase, um ano e meio de areia, vento, calor e pessoas, vamos finalmente sair de cá. digo com um certo alívio porque os meus sentimentos pela cidade não são os mais fortes, mas não deixa de ser uma situação carregada. a decisão não foi tomada de cabeça quente. foi discutida e bem falada. principalmente pelas minhas quebras ocasionais e, finalmente, saber que como eu, também o manel não morre de amores por isto. era a atitude dele que me fazia aguentar e agora já não há nada que nos prenda cá. ora é preciso fazer muitas coisas. desde vender a mobília, a despedirmo-nos das pessoas e dos lugares, terminar o mês laboral, arrumar as malas, pensar onde é que vamos pôr tanta coisa. a mobília tem estado a ser o pior mas a casa já vai fazendo eco. vamos vendendo aos poucos e guardando dinheiro para o próximo destino. os nossos planos já são outros. queremos aproveitar dois meses em casa e depois segue-se outra aventura. maior, mais à séria, mas com as mesmas responsabilidades. ainda muita coisa está pendente portanto temos de esperar pelo melhor. estou aterrorizada e entusiasmada. nem acredito que vou passar uma parte do verão em casa a aproveitar os meus pais, o meu cão, o meu irmão, os meus amigos. estou cheia de planos e coisas para fazer. começo a preencher a minha agenda nas semanas que vêm e tenho um nervoso miudinho de pensar que pelo menos cá, nos próximos anos não quero voltar. é engraçado porque não sinto que estou a deixar nada para trás. a casa não é nossa, a mobília é material, os amigos deixo poucos e mantemos facilmente o contacto e só vou com um bocado mais de bagagem emocional. até já portugal!
quinta-feira, 9 de maio de 2013
for sure
ontem tive um dia meio fora do esquema. começou com umas panquecas deliciosas no café em baixo do office. quando subi para trabalhar apercebi-me que não tinha o carregador do computador - que como agora só dura 10 minutos sem estar ligado à ficha não dá muito jeito. fui para casa, adormeci, tentei trabalhar, fui à piscina, almocei e lá para as 5 recebi uma chamada de uma amiga para ir ter com ela e a família ao dubai mall. tudo bem. chamei o táxi e fui lá ter. estavam no red lobster a jantar. para vos contextualizar, esta família da república dominicana não bate todas e, apesar de serem super hospitaleiros, caem no exagero. podemos ter acabado de comer em casa, que tinha sido o meu caso, ainda nem estava sentada já tinha um prato de massa com camarões à frente. depois de mil vezes a insistir e com a mesma conversa durante o tempo que estivemos no restaurante, fomos para dentro do mall. loja atrás de loja. entretanto juntaram-se o sobrinho, a irmã e o marido. éramos um grupo de sete ou oito pessoas. fomos para a fashion avenue - os corredores mais "ricos" do mall - onde entrámos na louis vuitton (a minha primeira vez) para comprar um presente a oferecer à primeira dama de malawi. nada menos que uma mala em pele de onze mil dirhams, ou dois mil e duzentos euros. assim, sem pensar. em menos de 10 minutos compraram uma mala que me vale três meses de renda. depois fomos à hermés, comprar gravatas para o presidente e os cônsules. cada uma oitocentos e cinquenta dirhams ou o equivalente a cento e setenta euros. compraram cinco gravatas portanto façam a conta. ostentação. depois fomos ao fauchon, um café"zito" para os ricos. senta-mo-nos com duas locais e uma marroquina. conversa e conversa, do nada passa um dos filhos do sheik de abu dhabi à nossa frente. a marroquina aos berros começa a desejar bem-estar e cumprimentos aos familiares. a "criança" pára, boquiaberta, a perguntar quem envia os cumprimentos. ela apresentou-se e ele seguiu caminho, inshallah. para terminar a noite - que entretanto já passava das dez - fui para casa num bentley desportivo que custa mais de um milhão e meio de dirhams ou mais de duzentos mil euros. e ainda me perguntam porque é que eu me vou embora do dubai.
domingo, 5 de maio de 2013
start spreading the news
à partida quando tomamos alguma grande decisão esperamos certas reacções de determinadas pessoas. verdade, estou sempre a dizer que nunca elevo as minhas expectativas em relação a nada mas também tenho os meus dias expectante. quando comuniquei a minha decisão achei que certas reacções iam ser diferentes. esperava mais, um bocado mais. estou desejosa de contar mas não quero más energias e mau karma só porque há pessoas que não têm bom coração. tem sido uma montanha russa de emoções e todos os dias a minha opinião é diferente. aqueles em que estou assustada são os piores. tenho muito medo de mudanças e novas introduções na vida, o que me deixa sempre de pé atrás. lembro-me de decidir vir para o dubai praticamente sem pensar. e dessa forma quase não temos tempo de nos arrepender. as coisas acontecem sem darmos por elas e senti-mo-nos impotentes perante tanta coragem. como já disse, tenho sorte em ter alguém com muita mais coragem que eu. para além de ter um par de tomates naturalmente, tem-nos subjectivamente. isso incentiva-me a procurar sempre mais e melhor. e também em conversa com a rebeca no outro dia, a falar de boas vibrações e que temos é de nos sentir bem, não podia concordar mais. se não nos sentirmos bem de que é que vale a pena? se não estamos felizes porquê continuar? tudo isto vale a pena porque devemos fazer tudo ao nosso alcance para ser felizes. há quem tenha mais oportunidades, há quem tenha menos. o que interessa é fazer funcionar. fazer resultar. estou a entrar numa fase positiva da minha vida, apesar das mudanças. e quero contar com todos à minha volta para seguir em frente!
segunda-feira, 29 de abril de 2013
concrete jungle
dizem-nos que estamos na altura de tomar grandes decisões, fazes grandes mudanças, rebelar-nos, endoidecermos, crescermos, aprendermos, viajarmos. todas e estas coisas parecem comprimidas entre uma certa idade. verdade que quando somos mais novos a vontade é maior, há menos coisas que nos prendem ao sítio onde estamos, menos responsabilidades e a segurança de que podemos sempre regressar a casa. pois eu quero pôr isso em prática e muito mais. quero aventurar-me porque tenho oportunidade, e alguém que o faça comigo, quero correr riscos e arriscar, quero experimentar e endoidecer. encontrei a pessoa mais que certa para seguir comigo caminhos que sozinha não seguiria. o manel é tão ou mais passado que eu e tendo tido uma vida bastante agitada, sempre de um lado para o outro do globo, acompanha o meu pensamento e a minha meia vontade. desenganem-se, porque voltar a casa soa sempre, mas sempre, muito melhor. mas o desconhecido que assusta e me deixa ansiosa compensa mais a longo prazo. na altura de tomar certas decisões não posso pensar que vou ter saudades ou que vai ser difícil. tenho de pensar no que vou ganhar com isso. não, não gosto de viver no dubai, mas já tenho uma experiência de vida all the way to middle east. há mais destinos e trabalhos e pessoas que se seguem e só para que saibam, não paro por aqui. ou então sou eu que tenho de saber e mentalizar.
segunda-feira, 15 de abril de 2013
this sucks
existem várias coisas que uma pessoa deseja fazer na vida. certas metas a atingir. ser realizado a nível profissional, pessoal, ter estabilidade monetária, emocional, tempo para lazer, tempo para diversão, tempo para parvoíce. até tempo para dias maus. como já disse antes não há cá carpe diem para ninguém. os últimos dois foram desses. maus. maus com saudade, com vontade, com tristeza. deram-me umas saudades de casa incríveis e só me apetecia falar com os meus pais. acabei por não o fazer para evitar começar a chorar, mas às vezes custa-me. e o facto de não me identificar com a vida que levo aqui torna estes dias mais insuportáveis. só pensava "eduarda, tens uma viagem daqui a um mês, aproveita e vai. vai mas não voltes". mas isso não funciona assim. as minhas decisões já não podem ser tomadas sozinha e tenho de, sempre, considerar a minha outra metade. apesar de que a criatura também tem destes dias e também pensa em desertar - literalmente. isto para mim é um terceiro mundo disfarçado onde não se passa absolutamente nada. não há nada que enriqueça as pessoas que cá vivem - a não ser o petróleo de abu dhabi, qatar ou arábia saudita. as pessoas não têm substância, vontade - vivem para shoppings e praias e noites e jantares. eu não tenho vida para isso. adoro praia q.b. gosto de sair q.b. gosto de jantar fora mas não tenho dinheiro para gastar assim. ou seja, de que é que me serve viver numa economia forte se também não a posso apreciar? ostentação é a palavra em dia e todos os dias sou levada por uma sensação de que não pertenço a esta mentalidade. nem quero! tenho saudades do meu eu-cultural. de assistir in loco às obras e criações de outros. quero ostentar cultura e não roupas. quero acordar todos os dias e saber que há alguma coisa interessante para fazer. quero ter oportunidade de ir a um café e estar sentada a ler um livro à espera de alguém. não se pode ter tudo, sempre ouvi dizer. which sometimes sucks.
sábado, 13 de abril de 2013
passou rápido, só pode querer dizer que foi bom.
é uma estucha combinar turismo com trabalho. ir para a cama tarde, acordar cedíssimo, não fazer neneca. adoro ter visitas, mas tudo o que tem o seu lado bom tem o cansativo. a minha mary veio visitar-me. foi a primeira das amigas. soube-me a mel tê-la cá. e o melhor foi perceber que, mesmo não estando com ela há mais de um ano, as coisas continuam exactamente iguais. a forma de falar, estar, conviver. o que só me deixa feliz. acabou hoje bem cedo a semana de visita. chegou domingo passado e arredou pé hoje de manhã. conseguimos fazer imensas coisas e tudo quanto eu queria. fomos à happy hour da palmeira, à praia, ver um jogo do barça, ao cirque du soir e ao cavali, às souqs, à piscina e ao deserto. o que ela mais gostou foi a parte antiga, que pessoalmente é a que mais gosto também. deixou-me com saudades de casa e o coração não deixou de apertar no momento da despedida. que só apertou ainda mais porque apanhamos uma multa por não estacionar no sítio onde devíamos. obrigada pela visita, pela companhia e pela amizade.
quinta-feira, 4 de abril de 2013
mabrok!
esta manhã, e pela segunda vez, concluí o meu visto de residência nos emirados. sou oficialmente uma emigrante local. apesar de ter sido moroso e custoso - paguei eu as despesas todas - valeu a pena. até 2016 não tenho com que me preocupar com vistos e chatices burocráticas do género. valeu pelas voltas a sharjah (outro emirado) e hoje que fiquei a conhecer uma parte do centro da cidade. tem muito mais monumentos que o dubai, principalmente em rotundas. certas zonas fizeram-me lembrar benavente com vivendas em redor das rotundas gigantes. mas nada a ver, eu sei. fico satisfeita, aliviada e agora posso viajar à vontade sem problemas de vistos, moradas, status conjugal ou parvoíces do género. bom dia para entrar de fim-de-semana e celebrar.
segunda-feira, 1 de abril de 2013
panorama assustador
há um fenómeno no médio oriente que é cada vez mais recorrente. as pessoas aqui são muito - demasiado - agarradas às novas tecnologias. vê-se toda a gente a andar com os seus telemóveis ou iPads na mão. não há descanso. se uma mulher anda sozinha, vai ao telemóvel. se vai no metro, vai ao telemóvel. se vai a conduzir, vai ao telemóvel. não há nada que as pare. eu não percebo. gosto de aproveitar muito pouco do telemóvel e só estou nele se estiver com alguma conversa importante ou de trabalho. de resto, só uma ou outra vez para tirar fotos e quando tenho net consultar o facebook. já fui muito pior, mas aqui não percebo esta tendência. o telemóvel passou a ser um acessório que se usa todos os dias. como um relógio ou uns brincos. já assisti a famílias locais, no shopping, a almoçar, todos aos telemóveis. inclusive crianças pequeninas. já estive em jantares com amigos em que, a certa altura, está tudo aos telemóveis. e se mando uma boca é porque sou chata ou uma merda. não acho normal que o século xxi crie este tipo de obsessão nas pessoas. normalmente quando estou no trabalho farto-me de consultar as redes sociais, mas não em casa ou no meu tempo livre. não me torno obcecada em estar sempre contactável. quando estiver, estou. e se não atendo o telemóvel, porque me esqueço, sou horrível e não ligo nenhuma às pessoas. tem de existir um meio termo.
domingo, 31 de março de 2013
big 0 - 2 - 4
quarta-feira passada senti-me velha. depois do trabalho de manhã fui dar um mergulho à praia e apanhar um bocado de vitamina D. cheguei a casa com um trabalho urgente e numa hora e meia fiz 6 cartazes publicitários para um hotel - vamos ter uma reunião hoje e queremos ganhar o cliente. vesti o meu equipamento e sai de casa. apanhei um casal amigo e fomos ter ao parque onde o manel dá as suas aulas de ténis. ainda faltava pouco mais de uma hora para a criança se despachar então aproveitámos e fomos fazer uns cestos. o marcelo é viciado em basket e tinha uma bola. como em qualquer parque no dubai, ao final da tarde, é muito concorrido, começámos a fazer jogos de 3 para 3 com outros bacanos que estavam naquele cesto. e não é que estava cheia de saudades de jogar? ainda fiz uns bons tiros e cortes e farta-mo-nos de divertir. entretanto o manel ia dar um treino no court do burj khalifa - para quem não se lembra, o edifício mais alto do mundo - e o marcelo e a joana nunca lá tinham estado, então vieram também. como existem dois cortes, mete-mo-nos a bater umas bolas com as raquetes a mais do manel. foi tão divertido que me lesionei. quando me sentei no carro começou a dar-me uma dor intensa nas costas do lado esquerdo. cheguei a casa já não me conseguia mexer. no dia seguinte fui ao hospital e disseram-me que tive um espasmo nos músculos das costas. auch. passei o fim de semana praticamente em casa a sofrer por nem me conseguir vestir.
quarta-feira, 27 de março de 2013
terça-feira, 26 de março de 2013
zen state of mind
em conversa com um amigo falámos da minha estadia aqui. ele perguntou-me se eu era feliz, pergunta só antes feita pelo meu pai. disse-lhe que por enquanto sim. até contrário mantenho-me cá mas não quero prolongar demasiado a estadia. ele respondeu-me que o dubai só mesmo para férias e eu "nem isso". só sei que é um sítio de passagem para outro melhor. e ele gostou da minha perspectiva. no fundo, foi a maneira que arranjei de encarar o facto de estar aqui porque, quer queira, quer não, a minha vida é cá. a minha casa, as minhas coisas, o meu trabalho e o meu namorado estão aqui. e só cabe a mim tentar ser feliz nela. claro que isto é a versão idílica. há sempre dois lados de uma moeda. de qualquer forma, o meu melhor amigo está aqui e enquanto assim o for, a minha presença não é desnecessária.
domingo, 17 de março de 2013
presente
ontem foi um dia multi-facetado. 16 de março marcou um "aniversário", um casamento e um re-encontro. fez um ano que me submeti a uma IVG. uma das minhas amigas casou-se. voltei a encontrar um amigo meu de mestrado em pleno dubai.
a IVG não é uma coisa fácil de se lidar, mas é um acontecimento bastante comum nos dias de hoje. foram duas semanas complicadas, inacreditáveis e aterradoras. tive algum apoio, nem sempre o suficiente, senti-me inútil, bastante inútil, e ontem fez um ano que isso aconteceu. o que já se passou entretanto. em conversa sobre isso com o manel começámos a brincar na possibilidade de termos ido para a frente com a situação. com certeza não estaríamos no dubai e as nossas condições iam ser muito diferentes. ao fim e ao cabo, nem gosto de pensar.
uma das minhas grandes amigas casou-se, oficialmente. a definição de casamento está um bocado dissipada nos dias de hoje. muitas pessoas que conheço já vivem com o/a namorado/a, eu inclusive e há quem considere isso um casamento. mas ela foi a primeira pelo registo. a ana mandou-me umas fotos e mal olhei para elas comecei a chorar. tentei enganar-me a dizer que talvez não fosse assim tão mau não estar presente - por falta de dinheiro e oportunidade - mas foi. dava muito para ter lá estado ontem. nem soube bem o que fazer para tentar compensar a minha ausência. acabei por escrever um email, a que dei a designação de carta, a tentar exprimir tudo aquilo que estava a sentir. é difícil pôr por palavras uma coisa que não se explica. saber que dois amigos se estão a juntar, teoricamente para a vida dá um sentido de perspectiva diferente. e ela tem a minha idade. acho que não havia nada que eu pudesse fazer ou dizer. mas neste caso vai ter de contar a intenção porque é tudo aquilo que eu posso dar agora.
o re-encontro com o pedro foi bastante agradável. já não o via há mais de um ano e teve ele de vir ao dubai para nos vermos. foi giro, reconfortante, amigável. é sempre bom partilharmos com amigos aquilo que estamos a viver e eles terem oportunidade de ver que afinal a decisão que tomamos de sair de casa foi a mais certa, por agora. sempre gostei do pedro e sempre soubemos conversar.
a IVG não é uma coisa fácil de se lidar, mas é um acontecimento bastante comum nos dias de hoje. foram duas semanas complicadas, inacreditáveis e aterradoras. tive algum apoio, nem sempre o suficiente, senti-me inútil, bastante inútil, e ontem fez um ano que isso aconteceu. o que já se passou entretanto. em conversa sobre isso com o manel começámos a brincar na possibilidade de termos ido para a frente com a situação. com certeza não estaríamos no dubai e as nossas condições iam ser muito diferentes. ao fim e ao cabo, nem gosto de pensar.
uma das minhas grandes amigas casou-se, oficialmente. a definição de casamento está um bocado dissipada nos dias de hoje. muitas pessoas que conheço já vivem com o/a namorado/a, eu inclusive e há quem considere isso um casamento. mas ela foi a primeira pelo registo. a ana mandou-me umas fotos e mal olhei para elas comecei a chorar. tentei enganar-me a dizer que talvez não fosse assim tão mau não estar presente - por falta de dinheiro e oportunidade - mas foi. dava muito para ter lá estado ontem. nem soube bem o que fazer para tentar compensar a minha ausência. acabei por escrever um email, a que dei a designação de carta, a tentar exprimir tudo aquilo que estava a sentir. é difícil pôr por palavras uma coisa que não se explica. saber que dois amigos se estão a juntar, teoricamente para a vida dá um sentido de perspectiva diferente. e ela tem a minha idade. acho que não havia nada que eu pudesse fazer ou dizer. mas neste caso vai ter de contar a intenção porque é tudo aquilo que eu posso dar agora.
o re-encontro com o pedro foi bastante agradável. já não o via há mais de um ano e teve ele de vir ao dubai para nos vermos. foi giro, reconfortante, amigável. é sempre bom partilharmos com amigos aquilo que estamos a viver e eles terem oportunidade de ver que afinal a decisão que tomamos de sair de casa foi a mais certa, por agora. sempre gostei do pedro e sempre soubemos conversar.
domingo, 10 de março de 2013
tire uma senha
esta última semana foi bastante engraçada. tive de visita um grande amigo que não via há mais de um ano. teve duas semanas de férias e a primeira passou-a comigo. posso dizer-vos que é bastante complicado gerir a minha vida quando está cá alguém a visitar. entre vir trabalhar de manhã e trabalhar à tarde acabo sempre por ficar podre de cansada. não deu para fazermos tudo mas acho que o mais importante era estarmos juntos e aproveitarmos a companhia um do outro. visitámos, fizemos praia, jacuzzi, fins de tarde na piscina, ginásio, noite, almoços e jantares. deu para praticamente tudo! o ano passado praticamente não tivemos visitas e este ano é oficialmente o ano delas. já veio o meu pai, o gonçalo, o pedro, para a semana vem outro pedro e em abril está prevista a mary! tenho de aproveitar as próximas semanas para me organizar, trabalhar bem, descansar que no final de março começa outra vez o volta volta. a sofia também vai ter visitas e já requisitou a minha companhia para algumas das actividades. vamos ver para que é que o tempo e o dinheiro dão. para mim o pior nem é a gestão do tempo mas os gastos. eu e o manel não ganhamos o suficiente para todos os meses ter cá alguém — infelizmente. mas olha, vamo-nos aguentando. agora é aproveitar os momentos a dois, cada vez mais escassos, que vamos tendo. à medida que este ano tem passado (nem acredito que já vamos em março) temos tido menos e menos tempo de qualidade. sim, dormimos juntos, mas quando dormimos não há interacção. aprender a, também, gerir esta lista de actividades não se tem mostrado fácil.
venha a próxima. também estou à vossa espera :)
venha a próxima. também estou à vossa espera :)
quinta-feira, 7 de março de 2013
banho maria
tenho pensado em começar um blog sobre a vida no dubai. até agora não li nenhum que se assemelhe ao que eu quero fazer. a falar sobre a realidade deste país megalómano. mas não sei se sinto confiança suficiente para escrever em inglês e mais, "publicitá-lo". a ideia está a marinar.
segunda-feira, 4 de março de 2013
life in the middle east #20
este estaminé/diário está com posts muito pouco frequentes. não é por falta de histórias para contar mas tempo e vontade.
às vezes começo a escrever e deixo em rascunho. outras olho para o espaço em branco e não sei bem como escrever. portanto deixo-vos com uma colectânea de fotografias que tiro com o meu iPhone nos vários passeios pelo dubai — e também para celebrar o vigésimo post do life in the middle east.
01. hamburguer no 123º andar do edifício mais alto do mundo — burj khalifa
02. vista panorâmica — burj khalifa
03. padrões de edifícios na parte "antiga" do dubai — old dubai
04. naprons na souq — old dubai
05. hotel de 7 estrelas — burj al arab
sábado, 2 de março de 2013
trabalha eduarda
esta última semana foi um misto de vontades e não-vontades. segunda foi um dia em cheio. viagem a abu dhabi para uma reunião de manhã e tarde de trabalho/lazer com dois amigos, um de visita de portugal em trabalho. à noite comecei a sentir síntomas de gripe. enfiei logo no bucho um cêgripe a ver se no dia seguinte acordava melhor. acordei pior. sentia-me fraca e sem vontade de estar a olhar para um computador que me secava os olhos. terça ainda fui trabalhar a muito custo e passei pela feira de comida no world trade center. paguei 50€ para conseguir usufruir só um dia. quarta não me aguentei e tive de pedir para não ir ao office mas entre um olho aberto e outro fechado tentei continuar a trabalhar. a tarde foi passada em casa. quinta mais do mesmo e saí com esforço para um jantar de amigos. agasalhada e coberta cheguei a casa por volta da uma pronta para a cama. ontem tive uma reunião aqui perto de casa e foi a única altura que me permiti sair do conforto do meu pijama para logo voltar. trabalho foi pouco, o que prejudicou a semana freelance e esta semana com o kim a ficar cá em casa o tempo vai ter de ser bastante bem gerido. a sorte é que a boss vai estar fora, no trabalho as coisas vão estar mais calmas e vou ter mais tempo para dedicar, lá, ao freelance. vamos fazer figas para que isso resulte e possa passar as tardes em modo turista, mais uma vez. a piada de tudo é que não vejo o kim há coisa de ano e meio e agora vamos encontrar-nos no dubai. soube ontem que é a primeira vez que ele vai sair da europa. imaginava lá ele que ia ser por causa da pita.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
love actually
quinta-feira, no aeroporto internacional do dubai, esperava eu ansiosamente pelo meu pai. aproximadamente uma hora e qualquer coisa e foi tempo suficiente para observar as pessoas que chegavam e as várias reacções que o ser humano tem a essa situação. há sempre os que abraçam e esbracejam até não haver amanhã. é sempre engraçado ouvir os berrinhos e ver os abracinhos - apesar de que, no dubai as coisas são mais contidas. não há cá saltos para o colo. vi um casal de indianos, onde chegou a rapariga, que praticamente não se tocaram mas o contentamento era evidente nos olhos, na expressão e nos sorrisos de orelha a orelha. vi-os um bocado depois de mãos dadas. as mães que chegaram eram maioritariamente indianas e as manifestações acabaram por não ser muito a olho vivo. há os que chegam sem ninguém à espera mas percebem-se os olhares investigadores por alguma cara conhecida. depois há a minha reacção. sinto uma necessidade de ir a correr ter com a pessoa que me está a chegar. há dois anos as incursões ao aeroporto eram demasiado comuns e as saudades sempre tantas que era impossível não dar o pulinho e saltar para o colinho. o meu pai já não me consegue pegar ao colo mas deu para um mega abraço.
as partidas são sempre com aguaceiros. normalmente de manhã, fica logo o meu dia mais nublado e tristonho. ver qualquer pessoa querida a partir custa. ainda mais quando vão voltar para casa. para a minha casa. portanto hoje esperam-se momentos de suspiros profundos e olhares apáticos.
as partidas são sempre com aguaceiros. normalmente de manhã, fica logo o meu dia mais nublado e tristonho. ver qualquer pessoa querida a partir custa. ainda mais quando vão voltar para casa. para a minha casa. portanto hoje esperam-se momentos de suspiros profundos e olhares apáticos.
sábado, 9 de fevereiro de 2013
fucked up
quando é que sabemos dizer já chega? quando é que sabemos que atingimos o nosso limite e não queremos mais? uma sensação de saturação? de irritação? de tristeza? como é que sabemos que não é só do momento, uma vontade irracional que nos dá de cair fora e não repetir o mesmo erro? provavelmente somos abordados por estas questões numa base diária. em relação ao que quer que seja. ao nosso parceiro(a), ao nosso trabalho, à nossa área, aos nossos amigos. será que somos mesmo capazes de perceber que já não queremos mais de alguma coisa. quando comemos e ficamos cheios sabemos que já não queremos mais e se quisermos é só gula. há tanto quanto um ser humano pode comer e atingido o limite o resultado é bastante visível. estamos cheios, não queremos mais. o mesmo acontece noutros aspectos menos biológicos? às vezes sou assombrada, por exemplo, por um já chega em relação à minha profissão. não sei se é só nesta parte do mundo mas sou vista como um bicho ignorante que utiliza softwares engraçados. maior parte dos meus clientes trata-me como se fosse estúpida. literalmente. quando eles é que são os estúpidos. dizem-me que é impossível eu levar tanto tempo ou tantos dias a fazer um logótipo. numa tarde isso fica despachado. pode ser verdade como pode não ser. se hoje estiver para ai virada, sou capaz de, em duas horas ter um logótipo. senão, tenho de esperar que me apareça a inspiração divina da santa criatividade. o padrão é sempre o mesmo e a vontade mais regular. apetece mandá-los todos para a merda e dizer façam vocês. há duas semanas tive uma reunião com um alemão que abriu duas empresas aqui no dubai. uma de iluminação e outra de catering. os nomes têm um elemento em comum e ele queria que eu criasse um logótipo que os identificasse como parte de um mesmo todo. enviei-lhe um orçamento personalizado, como faço em todos os potenciais clientes - e na segunda reunião ele quis negociar o preço. a ameaça do bacano era "I can go on freelancer.com and hire someone that will do me the whole project for 100 dollars". ora, ele repetiu esta frase quatro vezes no espaço de 20 minutos. meus caros, o que é que dá vontade de dizer? "então vai ao freelancer.com e pára de desperdiçar o meu tempo". como é óbvio não disse, tentei explicar-lhe que é por causa desses cabeçudos que se vendem por tão pouco que o mercado está como está. que o meu trabalho é valioso e não é qualquer bichano que o faz. lá conseguimos acordar um valor final adequado à vontade de cada uma das partes e eu comecei a trabalhar no projecto para ele. a ideia é fazer um conjunto de objectos portanto a nossa relação quer-se próspera. não deixa de ser frustrante ter de negociar os preços que pratico e que me permitem pagar as contas que tenho. acham que são capazes de eles próprios fazer o que eu faço? então façam meus amigos. façam.
nota: eu sei que há imensa gente nos sites de freelance que pratica os preços que pratica porque para eles é o suficiente para uma semana - ou mais - de alimentação e afins. mas tendo noção disso e sabendo quem eu sou e de onde venho, gostava que percebessem que os valores que aplico vão de encontro às despesas mais básicas que eu tenho.
nota: eu sei que há imensa gente nos sites de freelance que pratica os preços que pratica porque para eles é o suficiente para uma semana - ou mais - de alimentação e afins. mas tendo noção disso e sabendo quem eu sou e de onde venho, gostava que percebessem que os valores que aplico vão de encontro às despesas mais básicas que eu tenho.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
um ano cheio de vida!
é verdade. faz hoje um ano estávamos no aeroporto de heathrow à espera do voo que nos encaminhava para a nossa nova casa. cansados, nervosos, entusiasmados, assustados. posso denominar muitas formas de estado. mas nenhuma caracteriza aquilo para o que vínhamos. a minha vida mudou, não sei se para melhor, mas para algo mais. lembro-me perfeitamente da sensação que tive ao olhar pela janela do avião antes de aterrar, a primeira vez que andei nas estradas da cidade e a primeira impressão com que fiquei disto: não gosto! a cidade é feia, é um construction site constante e não me absorve. ainda hoje mantenho a minha opinião, apesar de ter boas sensações de tempo a tempo. ainda não acredito que estou a viver no dubai e que por aqui vou ficar mais algum tempo. é uma experiência surreal, brilhante, frustrante, enaltecedora, sincera e triste. triste porque estou longe de casa, da minha família, dos meus amigos. triste porque não é uma cidade para mim e, como o amor da nossa vida, quando a vir vou saber. um ano cheio de altos e baixos, um ano cheio de emoções, complicações. mas acima de qualquer uma das experiências anteriores, um ano cheio de vida! não sei se mudaria algo ou não, se voltava o tempo atrás, se soubesse o que sei hoje voltava a fazer. mas sei que o fiz e que ainda cá estou para contar os 364 que foram e os que virão. pelo menos sei que vou daqui com uma perspectiva diferente do que é um país, uma etnia, uma cultura (ou várias) e com uma melhor noção do que eu sou, aquilo que consigo aguentar e aquilo que consigo fazer. porque quando estamos longe de casa, intensifica-se o valor.
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