terça-feira, 25 de setembro de 2012

tudo está bem quando começa bem.

saudades são coisa que já não cabe em mim. tenho de me habituar a viver todos os dias com isto. ora de namorados, ora de amigos, ora dos pais. há 6 anos que vivo com a saudade dentro de mim e ainda não aprendi a abraçá-la. não é recíproco. não gosto da nossa relação. não gosto daquilo que me faz sentir. não gosto daquilo que me faz pensar. como diz o velho cliché, não se pode ter tudo. nunca.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

isto de ser designer tem qualquer coisa de muito estranho que se lhe diga.

mais que as pessoas "normais" reparo em todos os elementos gráficos do meu dia. sejam cartazes, sinais, flyers, logótipos (...) aquilo que quisermos que entra na categoria do gráfico. ontem quando estava no metro a ir para casa, dei por mim - pela primeira vez conscientemente - a olhar para um anúncio da expo 2020, a que o dubai está a concorrer como cidade hospedeira, e a mudar os elementos que achava que estavam mal postos, posicionados, com uma dimensão maior que deviam, cores e até alinhamento. isto enquanto entravam e saiam os passageiros. fiquei parva e comecei a rir quando o metro arrancou. nunca me tinha apercebido mas sou capaz de fazer isto várias vezes. um facto curioso aqui no dubai, só para cultura geral, é que o metro anda sozinho. não tem condutor qualquer. só um supervisor para garantir que o lugar onde só podem estar mulheres está habitado só por mulheres, ou ninguém está a comer, beber, mascar pastilha - que dá direito a uma multa de 200 dirhams ou 40€. de resto, controla-se sozinho o fofo! tão independentes que os equipamentos estão a ficar.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

too much of me gets me nowhere

estou com uma enorme falta de credibilidade em mim, no meu trabalho, no meu desempenho e nas minhas capacidades. não sei se se acentuou por ter sido despedida ou se se tem vindo a agravar por não conseguir controlar os meus devaneios. ou mesmo por acreditar que aquilo que eu penso é verdade ou não foge muito dela. sou remontada para os mais estranhos recantos da minha mente enquanto tento aparentar uma tranquilidade e motivação que não estou, nem perto, de ter. sou boa a lidar com as pessoas mas sou terrível a tomar decisões. acho que isso diz bastante. provavelmente não tenho perfil de líder. apesar de gostar de estar sempre em controlo de tudo o que faço e é feito à minha volta. quando isso me escapa sinto-me perdida e constantemente invadida por pensamentos que podem ser só de agora ou secalhar já vêm há algum tempo. 

enquanto não me decido, deixo-me entre catálogos e embalagens. 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

life in the middle east #16

a última semana tem sido intensiva. intensiva em sentimentos, em motivações, em reuniões, em oportunidades. a juntar o meu útero está a ser inundado e as paredes expelidas fico numa pilha de qualquer coisa muito emotiva. pareço tripolar como diz o manel. hoje finalmente sucumbi ao chocolate sob a forma de m&m's. tenho conhecido imensa gente e feito imensos contactos, o que é óptimo. e já comecei projectos freelance com uma empresa, uma rapariga da república dominicana e uma companhia que organiza jogos de futebol intensos. não posso dizer que está a correr mal nem a correr bem. é complicado lidar com as pessoas e quando dou a minha palavra passo a sentir-me em obrigação para com outrém. tento ser o mais eu possível e resulta bem. as pessoas são receptivas. claro que há decepções e entrevistas menos boas, mas estou a aperfeiçoar a lei do desenrasca. quero tentar chegar ao fim do mês com o salário que iria receber. o processo é complicado mas nunca impossível.

mas hoje fui assombrada pelo pensamento de me ir embora. não tenho trabalho estável que me prenda e cada vez mais me afronto com uma decisão tomada há uns tempos - com a qual não intervi - mas que me deixa de pé atrás. útero, descansa por mais três semanas. please.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

a magia das janelas

quando se fecha uma porta abrem-se as janelas. diz-se por ai. ontem em conversa com a minha mãe sobre o recente acontecimento, discutimos claro, e falámos sobre o facto de não sabermos o dia de amanhã. pelos vistos somos mesmo muito parecidas. ficamos ansiosas, impacientes, às vezes em pânico. mas é isso que dá cor a tudo o que se passa na vida. qual é a piada em sabermos como é que o dia de amanhã vai correr, passo a passo. eu sei que parece e deve ser uma atitude muito ingénua, de quem não conhece o mundo ou a forma como as coisas funcionam. há responsabilidades que temos que não podem ser adiadas de forma alguma. mas há algo de entusiasmante em ter projectos aqui e ali, poder fazer os meus horários e até conhecer pessoas novas todos os dias. não vai ser assim para sempre e a minha vida, eventualmente, terá um sentido só, mas gosto deste tempo para descobrir, tentar perceber se é mesmo isto que quero para mim e até, conhecer as minhas capacidades e limitações, crescer, sair da bolha da rotina e apanhar um bocado da imprevisibilidade da vida. é fácil falar e, como alguém me disse ontem, a vida dá muitas e demasiadas voltas, mas não deixa de, todos os dias, me surpreender um bocado. e eu quero surpreender-me. apesar de este ano estar a ser o pior dos últimos anos, não deixo de me querer esforçar e uma das coisas mais importantes para mim é não perder a genica, o click que me faz levantar todos os dias e pensar que hoje o dia vai ser óptimo. ou amanhã que agora já é noite. foi esse click que me fez sair de portugal e procurar um outro lado do mundo e da vida, da minha vida. há alguma coisa que temos a descobrir todos os dias. e devíamos sempre saber o que é que o hoje nos ensinou - já somos íntimos e tudo. tirar nota disso para daqui a dez anos nos lembrarmos da pessoa que fomos, daquela alminha que já cresceu, mais ainda, e fez de si o que queria dez anos antes. esperar para ver. mas não sentada. a andar, pular, correr, a bailar.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

life in the middle east #15

o médio oriente é cheio de surpresas. todos os dias alguma coisa nos morde o rabiosque. ontem, de manhã, depois de me ter levantado, lavado a cara, vestido o uniforme, maquilhado, tomado o pequeno-almoço e chegado ao trabalho, sentei-me na secretária, comecei a trabalhar e apercebi-me que o ambiente estava bem tenso. uma hora mais tarde fui chamada a uma salinha e fui dispensada, ou como eles gostam de dizer 'let go'. é verdade. depois de ter tido, a semana passada, uma reunião a planear o que se iria fazer no próximo mês fui despedida. e para quem nunca experimentou, é um bocado custoso. senti que me tiraram o tapete debaixo dos pés e me espetaram com uma faca bem fininha nas costas. finalmente aperceberam-se que eu não era necessária ali. verdade seja dita, não me afligiu muito porque não era o melhor trabalho do mundo. mas pagava as contas e dava-me visto. telefonei em pânico ao manel para me ir buscar, limpei o meu computador, arrumei a mala e fui-me embora. cheguei a casa, com cara de burro a fugir e comecei imediatamente a mandar portfolios e à procura de trabalho. passei o dia a deprimir e à noite fui num date ao hard rock e sair com amigas. hoje acordei cheia de genica e entusiasmo. verdade, tomei o trabalho como garantido e a ideia já gravou de que nada na vida é garantido, mas também, tenho uma nova oportunidade de reinventar o que faço e procurar o que realmente gosto. já tive uma entrevista hoje e amanhã outra. sem ser esta última hora ainda não tinha parado hoje. a ideia de não saber o que se passa amanhã tem muito melhor sabor que ter os dias planeados e repetidos all over. sem ser a minha mãe que me fez passar um mau bocado, não me sinto mal com o que se passou. e o rótulo de despedida fica-me mal. hoje quando fui assinar alguns papéis, os meus ex-co-workers olhavam-me com pena e eu sorri. sorri porque há muito que não me sentia assim. no fundo, o que eu estou a tentar dizer é obrigada

sábado, 1 de setembro de 2012

something like home #1

não é dito o suficiente o quanto temos de apreciar tudo aquilo que temos agora. agora é que interessa. não é o que vamos ter amanhã ou o que tivemos ontem. de que é que nos serve pensar no que foi ou no que será? estou para aqui sempre a queixar-me do que faço e não passo tempo suficiente a falar do que tenho. a oportunidade de viver no dubai, com o meu namorado, ter a minha casa, as minhas coisas, compradas com o meu dinheiro, pagar as minhas contas, não ter de dar explicações sem ser a mim e ao manel. ainda há bocado fui correr na rua, à beira do meu apartamento, e o sol estava lindo, a linha dos edifícios estava numa espécie de fade out, algo naquele momento me soube a casa. pela primeira vez nestes sete meses, e finalmente, apetece-me muito estar aqui.