sábado, 29 de dezembro de 2012

primeiro ano do resto da vida

não sei bem processar o que se está a passar agora. três semanas em casa fazem-me sentir que não pertenço aqui. cheguei hoje. as últimas 35 horas foram exaustivas e ainda não tenho sono. em casa são dez da noite, aqui duas da manhã. não páro de sentir uma sensação estranha, inquietante. senti-me triste por voltar ao dubai. disse e repeti, não posso ir a portugal passar férias. apesar do estado em que aquilo está, é onde me sinto mais preenchida. e onde estão os meus pais. que bom que foi estar com os meus pais. dormir na minha cama, sentar no meu sofá, jantar na minha mesa. nem acredito que as semanas passaram a correr. mas quando digo a correr foi mesmo a correr. o natal foi perfeito, animado, cheio de gente, risadas. nem que o quisesse planear sairia tão bem. dava tudo para que aquele país tivesse condições e praticamente não nos obrigasse a sair. o que me custa cada vez que entro no aeroporto de lisboa. sentir-me estranha não acontece por nada. o que eu sinto quando estou em casa - mesmo com todos os problemas que isso trás - não se compara. infelizmente passei as férias todas a dizer que esta é uma solução temporária, que não quero cá ficar muito tempo - é um país complicado que mostra grandes barreira à entrada e não é friendly. as pessoas aqui são temporárias e arranjam relações temporárias. fazem grandes promessas e parecem querer ajudar tanto que acabam por não fazer nada. da mesma forma que isso é temporário, também a dinâmica da cidade. em constante mudança, não cessa, nunca sabemos qual é o caminho a percorrer na semana a seguir (literalmente) - e tudo isto me ajuda a perceber que o meu lugar ainda não é aqui. nem está perto de ser. isto é uma experiência que tanto pode abrir portas ou não servir de nada. e entretanto entro em pânico porque 2012 foi o primeiro ano do resto da minha vida. o ano em que a minha avó morreu, em que me mudei para o dubai, em que fiz um procedimento médico delicado, em que saí mais que em toda a minha vida, em que provavelmente bebi mais, em que conheci mais pessoas dos mais variados cantos do mundo, em que mais andei de avião, em que mais enfrentei a minha relação, em que comecei a viver pela primeira vez com o meu namorado, em que mais chorei, em que mais trabalhei, em que fui despedida, em que mais senti saudade, em que mais lutei, em que me apercebi quem são os meus amigos, em que me tornei independente. em altura de pesar o que se passou, este foi o ano mais pesado da minha vida. estar longe é difícil. ser independente é difícil. sentir-me sozinha é difícil. viver com alguém é difícil. sentir saudades é muito, muito difícil. vale tudo a pena? vale. vale mais que a pena. é a vida. mas nunca vamos imaginar como é que as coisas correm. aquilo por que vamos passar está longe de ser em linha recta. e nestes três dias, caem os restantes 362. promessas são notas mentais. desejos são fúteis. de qualquer forma, fica a minha vontade de um óptimo 2013. já sobrevivemos ao fim do mundo, sobreviveremos a muito mais coisas. 

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

isto não é uma queixa.

ultimamente tenho experimentado uma sensação engraçadota que nunca antes me tinha sido real. já tinha ouvido falar dela, comentado, tentado perceber. mas nunca antes me tinha chegado ao core o que poderia realmente ser. quando vivemos longe, criamos uma certa ilusão de que as coisas ficam sempre na mesma no sítio de onde saímos. as pessoas vão sempre ser as mesmas, os lugares guardam as mesmas características e as paisagens não mudam. mas a verdade é que, tudo tem tendência para avançar sem aviso. coisas que antes eram banais, passam a ser aquilo que queremos saber todos os dias. as vidas dos nossos amigos passam a ser histórias de encantar e uma realidade completamente paralela à que estamos a viver. pensar que estamos a perder momentos, oportunidades e situações - apesar de ganharmos outros - em território nosso deixa-nos um tanto ou quanto tristes. depois quando chegamos, achamos sempre que a festa vai ser maior que a que realmente é. as vidas continuam e o facto de estarmos no mesmo país e na mesma cidade não altera nada. apesar dos nossos esforços, não dá para parar o que estão a fazer. não deixo de sentir uma certa nostalgia de pessoas, conversas, sentimentos. pessoas, conversas e sentimentos que ficaram para trás e não sei como os recuperar. isso assusta-me. a mudança assusta-me. o que não quer dizer que seja necessariamente má. 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

home is wherever we feel good*

dez agitados dias passaram desde a última vez que eu escrevi. já estou em terras lusas a aproveitar o conforto e calor da casinha dos meus pais. têm sido dias óptimos e relaxantes e preenchidos de algo que já não sentia há algum tempo. estar em casa é óptimo. principalmente quando vivemos bem longe e num ambiente totalmente oposto a este. mais a mais com o espírito natalício a inundar as ruas e as pessoas. 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

experimenta(me)

aqui entre nós, já trabalhei para a experimenta, durante uns meses, estágio não remunerado onde inúmeras vezes utilizei o meu carro para ir de uma ponta a outra de lisboa, sem ter qualquer retorno dos gastos. mas não é isso que aqui venho falar. hoje recebi um email, newsletter da experimenta, a falar de várias iniciativas que vai lançar e/ou já lançou. sempre a falar em artistas convidados para fazer a e b. pois bem. uma coisa que eu me apercebo um bocado é que a maior parte dos artistas são sempre os mesmos. e é verdade, para existir algum reconhecimento do público para com uma instituição, nomes da indústria são essenciais. mas também deveria ser importante dar a conhecer novos artistas. procurar novos nomes. novas mentes. novos criativos. acho que qualquer área, e especialmente o design, deve usufruir de uma constante renovação e novidade. cabecinhas frescas é o que todos precisamos. sei de amigos meus que já participaram e contribuíram para o evento mas o ênfase não foi o maior. ou pelo menos que me tenha apercebido. falo como própria designer e profissional que, mesmo estando fora de portugal, atento-me ao que se passa neste campo tão polémico. devíamos parar de ir sempre aos mesmos e renovar o expositor. e isto digo eu, que já presenciei e estive dentro da organização.

domingo, 2 de dezembro de 2012

right here, right now

sou uma pessoa bastante ansiosa, já sabemos. quero que as coisas aconteçam já e agora. não quero esperar até amanhã. não. quero que venha a nós, hoje! tenho vários pagamentos pendentes e uma conta a diminuir de semana para semana. as pessoas não percebem que eu preciso de dinheiro para viver. entre pagar contas, supermercado e transportes, não há dirhams que se estiquem. mais a mais vai ser complicado trabalhar em portugal. não por falta de pro-actividade mas porque aqui a transacção é feita, normalmente, face to face. ora eu, estando em portugal não é fácil e skype nem sempre é opção. vamos ver se os meus fiéis clientes se mantêm fiéis e me continuam a pedir serviços.

quero também aproveitar para me dedicar a um projecto pessoal que vos darei conhecimento quando aprender a andar (o projecto, não eu).

sábado, 1 de dezembro de 2012

not soon enough

e num registo mais do meu agrado, faltam 5 diazinhos para eu ir a casa. o nervoso do avião já me assombra todas as noites e a excitação de ir ver os meus fofos todos ainda mais. há quase 4 meses que estou cá e, parecendo que não, o tempo passou rápido. nem acredito no quanto já aconteceu desde que eu cheguei daquela semaninha de férias em lagos. fui despedida, comecei a trabalhar como freelance, comecei a fazer planos para abrir a minha agência, conheci pessoas que tenho a certeza vão ficar na minha vida para sempre, passei etapas complicadas e fáceis na minha relação. enfim. podia ficar aqui o resto do dia a descrever. e do nada, já estou quase a voltar. e para o frio! já tenho saudades de usar roupa de inverno. cachecóis, casacos, blusas de malha, botas! e principalmente de estar com os meus pais, em casa, a ver filmes em frente à lareira. e depois.. vem o natal! 

7

há dois dias no facebook um amigo meu devia estar mal disposto e começou a embirrar com os posts que eu faço. que não têm sentido, que são ou não dirigidos a alguém, que ele não os percebe. pergunto-me, mas porque raio é que ele tem de os perceber? a página é minha e eu faço o que bem entendo com ela. faz-me lá diferença se as pessoas entendem ou não. e ele continuou até eu deixar de responder, que foi depois de uma resposta - dele - completamente desnecessária. eu não ando por ali a ver as páginas dos meus amigos e a criticar os posts que eles fazem. era só o que mais me faltava. se ele falasse mais correntemente comigo saberia. mas não tem interesse. nem eu tenho. desde sempre, ele faz parte de um grupinho que gosta de me chatear a cabeça e eu como sou de pavio curto, vou along. não gosto de deixar as coisas mal esclarecidas, mas quando a(s) outra(s) pessoa(s) está(ão) a ser pouco razoável(eis) não há como se responder. nem o que responder. e tudo por causa do número 7.