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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

o meu irmão sabia que não ia durar

há uma semana e um dia estava eu reticente e a sentir-me num impasse por ter aceite um estágio não remunerado. ora pois bem. cinco dias de semana, oito horas e meia por dia, sentada a um computador, rodeada de criativos, accounts, arquitectos e afins. chegava sempre mais cedo e saí sempre a horas. retoquei layouts já terminados, corrigi alguns erros ortográficos, substituí textos de inglês para português e criei e desenvolvi um projecto de raiz. sexta-feira fui dizer que era o meu último dia. ora, uma semana dizem que é pouco (também vivi no dubai um ano e meio e disseram-me que foi muito pouco). quem é que determina quanto tempo é que temos de aguentar com fretes e ainda nos dizem que é pouco? fui dizer que era o meu último dia e foi. hoje já retomei a rotina de outras semanas. não quero estar num trabalho onde não me pagam pelo meu tempo e dedicação. não quero estar a fazer trabalho de estagiária que já fiz. não quero estar a corrigir pequenos erros durante três dias. não quero fingir que tenho de recomeçar só porque estou em portugal. quero retomar o que deixei. a minha carreira só pode progredir e aquela posição fez-me sentir o contrário. chegava a casa sem vontade de fazer nada e, correndo o risco de parecer exagerada, senti que o meu espírito era comido dia após dia. e o daquelas pessoas é, na realidade. é isso que acontece. utilizam as horas de almoço para falar e falar mal do que fazem. que trabalham longas horas, que lhes roubam os fins-de-semana, que se ressentem e ao sítio onde estão. então a minha pergunta é: porquê ficar? pode, neste momento não existir outra opção e isso é completamente compreensível e fora de mim dizer que não se podem (ou devem) queixar. mas há sempre alguma coisa que podemos fazer em qualquer situação e aquela não é excepção. portanto, para não ser paga e trabalhar o dia todo, mais vale não ser paga e investir em mim e em alguma coisa que realmente me faça feliz.

domingo, 24 de novembro de 2013

havas

não tenho a certeza se amanhã começa uma nova fase. na quinta-feira passada fui a uma entrevista na havas (antiga euro rscg) uma agência mundial conhecida pelas marcas com que trabalha. a entrevista pareceu-me correr bem, mas cedo na semana tinham-me ligado a avisar que seria levada a entrevista e, eventualmente contratada, para um estágio de três meses não remunerado. ora, eu sempre disse que sou contra esse tipo de comportamento empresarial. todo e qualquer trabalho deve ser compensado e este dá-me a sensação que não é. fazem as pessoas trabalhar, sempre, até mais tarde, sem qualquer tipo de ajudas de custo, garantindo que se nos esforçarmos ficamos com um lugar júnior na empresa só para continuar com as horas de cão e um salário miserável. ah! e não há garantia que entretanto não nos despeçam, como aconteceu a uma amiga que durou duas semanas. sexta-feira de manhã ligam-me a dizer que fiquei com uma das vagas e que começava segunda às 9h30. no momento aceitei. relutante. e para ser sincera continuo agora. tenho vontade de lá chegar amanhã, dizer que agradeço a oportunidade mas que não colaboro com este tipo de atitudes e não trabalho de graça. porque a verdade é que não sei se me quero esforçar e dar o meu melhor a quem está a lucrar com o trabalho não pago de outra pessoa. dizem que é um bom nome para ter no currículo, havas. que ganho experiência e tendo em conta que não estou a trabalhar, pelo menos estou ocupada. mas não sei se quero estar ocupada com isso. ir contra aquilo que sempre disse e regredir na minha "carreira". não estou entusiasmada. não anseio pelo primeiro dia de trabalho e acima de tudo, estou chateada comigo. mas até amanhã ainda alguma coisa pode mudar.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

experiência pessoal vs. regularidade de encontros

é difícil compreender a linha que definimos em relação ao que decidimos contar ou não a outras pessoas. assuntos pessoais, assuntos laborais, assuntos mundanos, assuntos dos outros. qual é a linha (sem ser a da zon) que nos pode ajudar a ter filtros? pessoalmente tento defini-la por indivíduos. há vários tipos de pessoas na minha vida e cada uma está classificada por interacção. regularidade de encontro vs. experiência pessoal. e sinto que deve existir um equilíbrio que deita abaixo os nossos filtros e outro que os mantém. lá por me dar há muito tempo com alguém não quer dizer que seja um encounter regular, ao passo que uma pessoa que não conheço há mais de cinco anos não seja a escolha certa para partilhar os assuntos. isto porque há dois dias que discuto esses limites com o manel como forma de arranjarmos, os dois, um equilíbrio que nos ajude a perceber o que contar ou não, por exemplo aos nossos pais. chegamos a um acordo e, pelo menos na próxima semana, há previsões de paz no lar.

 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

tempo que (não) passa

ultimamente tenho lido muitos artigos que falam de casos de emigração do pessoal jovem. identifico-me com alguns, afasto-me de outros. mas uma das coisas que mais me marcou nessas leituras foi o apontamento geral do facto de quem emigra achar ou ter alguma noção quase inconsciente que as coisas em casa estagnam porque nos vamos embora. as vidas param, as pessoas sofrem a nossa ausência. mas nada disso acontece - obviamente. as pessoas crescem, as vidas seguem, o mundo continua a girar. é ano zero para nós mas não para elas. e isso é perfeitamente aceitável até ao ponto em que deixamos de fazer parte da rotina, das combinações, dos encontros e desencontros. já não somos um do grupo. somos aquele que emigrou e agora se vê de volta à altura em que saiu. é um sentimento falso e uma memória falsa criada, mas não deixamos de sentir que queremos recuperar alguma coisa do que foi perdido. só acho que não sabemos como. agora em lisboa só penso em todas as possibilidades daquilo que posso re-fazer e a primeira vez que me vejo com tempo só quero ficar em casa. sozinha. por não saber que mensagem enviar ou abordagem ter! e tinha este texto pensado desde domingo passado.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

sista from another mother

pela primeira vez desde que me fui embora para o dubai, estou sozinha em casa em lisboa. acho que há bastante tempo que não estava aqui sem ninguém, muito menos sem a ana. ontem à noite custou-me imenso e bateu um ataque de saudades de quando vivíamos juntas. foram dos melhores dois anos da minha vida e praticamente não tivemos dias em que não nos divertíssemos, mesmo que por pouco tempo. passou a correr e as memórias que me assombram agora respiram nestas paredes. custa-me pensar numa realidade que já foi há quase dois anos. e agora estou aqui. a limpar a casa sozinha e a olhar para as prateleiras e armários semi vazios a gritarem "onde é que está a ana?". o bom da coisa é que estamos as duas felizes, bem e com sentimento mútuo em relação ao tempo que vivíamos juntas. disse-lhe ontem e digo agora, são alturas que ninguém nos tira e termos partilhado esta casa foi das melhoras coisas que me podia ter acontecido. definitely. 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

a pedido da gerência

quando somos novos criamos ideias, concepções, amizades, amores e achamos que eles vão ser para toda a vida. mas duram só um bocadinho. o que antes de aplicava não aplica agora e vice-versa. aquela pessoa que odiávamos passamos a compreender e aquela que adorávamos não é assim tão fixe como pensávamos. vejo isso nas minhas relações e nas dos meus mais próximos. vamos crescendo e aprendendo com as nossas fases mas se há coisa que não podemos esquecer é que, o passado já não interessa. foi bom, foi mau, foi complicado, feliz, simples, desejado, mas está ali para trás. tipo aquele ponto cego no carro onde não conseguimos ver nada. não se passa nada. o futuro coitadinho, preocupa tanta gente - inclusive eu - mas não podemos estar pendentes de uma coisa que não sabemos. temos o agora. que também é meio indefinido, mas temos. no dubai parei de me queixar, de olhar para trás, de pensar no amanhça. tanta gente a queixar-se à minha volta por coisas que não interessam, por insignificâncias que comecei a pensar porque é que eu me hei-de queixar? para quê? só nós é que podemos fazer alguma coisa por nós. façam-me o favor e pensem duas vezes antes de se queixarem porque problemas temos todos, a forma como os encaramos e lidamos é que vai determinar se os ultrapassamos ou não. a gerência agradece.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

can we pretend that airplanes in the night sky are like shooting stars

já começaram os mini ataques de pânico. não consigo afastar a ideia de que detesto andar de avião. dá-me arrepios, fico triste, não consigo pensar em mais nada se não o facto de estar lá dentro, do que pode acontecer. a coisa boa desta vez é ter uma amiga a trabalhar, o que se calhar facilita a transição. não consigo ver filmes, dormir ou comer. fico com o estômago às voltas e estou constantemente a olhar pela janela - que estranhamente me relaxa um bocado. one week to go.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

esperanças adiadas

em portugal, agora, temos de nos habituar à ideia de que muitas pessoas, principalmente jovens, estão/vão sair do país. a emigração tornou-se uma resposta mesmo para os mais amedrontados. a geração a que eu pertenço vê-se praticamente obrigada a ir procurar uma vida lá fora. é bastante frustrante, triste e assustador ser-se quase forçado a fazer isso. há quem tenha sorte e consiga um trabalho, há quem procure e não consiga encontrar e há, provavelmente, quem não se esforce porque acha que está bem assim ou que não vai encontrar. eu tentei só um mês, o que não está perto de suficiente mas deu uma pequena ideia de como as coisas estão por lá. fico bastante chateada com isso. é verdade que nos obriga a dar um salto que em determinadas condições poderíamos não dar. obriga-nos a ser fortes e enfrentar o desconhecido, aprendemos a procurar aquilo que é melhor para nós. ganhamos experiência, aventuramo-nos, crescemos e ficamos com histórias para contar. já disse várias vezes que sozinha não sei se era capaz de fazer e, se o fizesse, ia para muito mais perto. agora que este capítulo chega ao fim espero ansiosamente pelo próximo. a coragem que tive para fazer a primeira vez dividiu-se por dois e agora estou mais tranquila porque sei mais ou menos o que me espera. não tenho a certeza para onde vou, mas vou com a certeza de que é sempre para melhor. mesmo que soframos, que choremos há sempre coisas boas e positivas a recolher. criamos laços, relações, memórias. mas acima de tudo, aprendemos a cuidar de nós, a ser independentes, a perceber o que é o mundo e quem nele é importante. e há imensas pessoas a fazer isso. conheço meninos e meninas de todas as nacionalidades possíveis a procurarem uma vida melhor que a que o próprio país lhes pode proporcionar. mas uma coisa é certa, uma grande parte sai de coração quebrado e esperanças adiadas. e um desabafo; gostava de poder viver e trabalhar em casa.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

for sure

ontem tive um dia meio fora do esquema. começou com umas panquecas deliciosas no café em baixo do office. quando subi para trabalhar apercebi-me que não tinha o carregador do computador - que como agora só dura 10 minutos sem estar ligado à ficha não dá muito jeito. fui para casa, adormeci, tentei trabalhar, fui à piscina, almocei e lá para as 5 recebi uma chamada de uma amiga para ir ter com ela e a família ao dubai mall. tudo bem. chamei o táxi e fui lá ter. estavam no red lobster a jantar. para vos contextualizar, esta família da república dominicana não bate todas e, apesar de serem super hospitaleiros, caem no exagero. podemos ter acabado de comer em casa, que tinha sido o meu caso, ainda nem estava sentada já tinha um prato de massa com camarões à frente. depois de mil vezes a insistir e com a mesma conversa durante o tempo que estivemos no restaurante, fomos para dentro do mall. loja atrás de loja. entretanto juntaram-se o sobrinho, a irmã e o marido. éramos um grupo de sete ou oito pessoas. fomos para a fashion avenue - os corredores mais "ricos" do mall - onde entrámos na louis vuitton (a minha primeira vez) para comprar um presente a oferecer à primeira dama de malawi. nada menos que uma mala em pele de onze mil dirhams, ou dois mil e duzentos euros. assim, sem pensar. em menos de 10 minutos compraram uma mala que me vale três meses de renda. depois fomos à hermés, comprar gravatas para o presidente e os cônsules. cada uma oitocentos e cinquenta dirhams ou o equivalente a cento e setenta euros. compraram cinco gravatas portanto façam a conta. ostentação. depois fomos ao fauchon, um café"zito" para os ricos. senta-mo-nos com duas locais e uma marroquina. conversa e conversa, do nada passa um dos filhos do sheik de abu dhabi à nossa frente. a marroquina aos berros começa a desejar bem-estar e cumprimentos aos familiares. a "criança" pára, boquiaberta, a perguntar quem envia os cumprimentos. ela apresentou-se e ele seguiu caminho, inshallah. para terminar a noite - que entretanto já passava das dez - fui para casa num bentley desportivo que custa mais de um milhão e meio de dirhams ou mais de duzentos mil euros. e ainda me perguntam porque é que eu me vou embora do dubai.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

concrete jungle

dizem-nos que estamos na altura de tomar grandes decisões, fazes grandes mudanças, rebelar-nos, endoidecermos, crescermos, aprendermos, viajarmos. todas e estas coisas parecem comprimidas entre uma certa idade. verdade que quando somos mais novos a vontade é maior, há menos coisas que nos prendem ao sítio onde estamos, menos responsabilidades e a segurança de que podemos sempre regressar a casa. pois eu quero pôr isso em prática e muito mais. quero aventurar-me porque tenho oportunidade, e alguém que o faça comigo, quero correr riscos e arriscar, quero experimentar e endoidecer. encontrei a pessoa mais que certa para seguir comigo caminhos que sozinha não seguiria. o manel é tão ou mais passado que eu e tendo tido uma vida bastante agitada, sempre de um lado para o outro do globo, acompanha o meu pensamento e a minha meia vontade. desenganem-se, porque voltar a casa soa sempre, mas sempre, muito melhor. mas o desconhecido que assusta e me deixa ansiosa compensa mais a longo prazo. na altura de tomar certas decisões não posso pensar que vou ter saudades ou que vai ser difícil. tenho de pensar no que vou ganhar com isso. não, não gosto de viver no dubai, mas já tenho uma experiência de vida all the way to middle east. há mais destinos e trabalhos e pessoas que se seguem e só para que saibam, não paro por aqui. ou então sou eu que tenho de saber e mentalizar.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

(girl)friends will always be (girl) friends

depois de dar uma vista de olhos na minha lista de blogs, um deles tinha este link. achei um texto bem adequado. o inglês não é o melhor, mas é bem perceptível. a autora é casada com o famoso scott schuman, que podem encontrar aqui. fala da amizade e das várias formas que uma verdadeira amizade deve tomar. o meu texto é completamente cópia mas achei engraçado pegar nuns pontos e dar também o meu ponto de vista.

1. com uma boa amiga nunca é preciso ter planos concretos.

verdade! podemos só encontrar-nos sem saber o que vamos fazer. vou aí ter e já decidimos. não é preciso ter grandes planos, grandes saídas, grandes aparatos. é só preciso estar.

2. uma boa amiga não julga mas sabe dizer quando não gosta de alguma coisa, atitude ou material.

podemos apoiar e não gostar, mas dizer que não gostamos. não pressionar, no sentido de fazer sentir mal, mas fazer saber a nossa opinião. saber dizer quando está a exagerar numa situação onde não precisa de exagerar. saber acalmar e fazer rir.

3. uma boa amiga não se atira a um ex, não se atira ao corrente, não rouba amigos. 

ultimamente aconteceu-me muito e, por isso, tenho para mim que não tenho bons amigos aqui. tenho-os em casa. em lagos. em lisboa. um bom amigo aceita-nos e ao nosso namorado. abraça-o mas não o aperta. em relação aos ex's há uma linha ténue. não tenho bem opinião definida.

4. as melhores coisas fazem-se com amigas a quem não temos nada a provar.

e está dito.

5. uma verdadeira amiga sabe admitir-nos quando temos peso a mais, quando estamos bem numa foto, quando uma peça de roupa não nos fica bem, quando exageramos em relação ao nosso namorado.

já fiz todas elas e várias vezes. gosto que me digam se não estou bem e gosto de dizer porque prova que o grau de confiança que temos com uma pessoa é suficientemente confortável para fazer esses comentários.

6. algumas amizades acabam mas não quer dizer que ainda hoje não tenham significado.

aconteceram e fazem parte de nós. não as devemos tentar apagar porque um dia significaram o mundo. devemos tentar apreciar e perceber o que correu mal.

7. problemas que podem acabar com amizades: inveja, dinheiro e/ou distância.

a inveja é uma coisa feia. podemos ter um ciúme saudável de aspirar a ter parecenças com uma amiga - e acontece muito com a proximidade tornar-nos parecidas - mas não uma inveja constante. faz-nos mal e nunca nos sentiremos bem. dinheiro. pagar alguma coisa de vez em quando não faz mal a ninguém. oferecer um jantar sem esperar outro de volta. um convite, uma flor, um postal. não podemos cair no exagero de ser sempre o outro ou só nós. deve existir um certo balanço para não criar frustração numa das partes. a distância estou a experienciar. não é fácil. é bem amarga. mas saber que há coisas que não mudam quando estou com certas pessoas faz, numa perspectiva distorcida, valer a pena. e elas sabem quem são.

8. numa verdadeira amizade não existem silêncios desconfortáveis.

só existem silêncios.

saudades das minhas amigas. penso em vocês todos os dias. todos os dias mesmo.



terça-feira, 26 de março de 2013

zen state of mind

em conversa com um amigo falámos da minha estadia aqui. ele perguntou-me se eu era feliz, pergunta só antes feita pelo meu pai. disse-lhe que por enquanto sim. até contrário mantenho-me cá mas não quero prolongar demasiado a estadia. ele respondeu-me que o dubai só mesmo para férias e eu "nem isso". só sei que é um sítio de passagem para outro melhor. e ele gostou da minha perspectiva. no fundo, foi a maneira que arranjei de encarar o facto de estar aqui porque, quer queira, quer não, a minha vida é cá. a minha casa, as minhas coisas, o meu trabalho e o meu namorado estão aqui. e só cabe a mim tentar ser feliz nela. claro que isto é a versão idílica. há sempre dois lados de uma moeda. de qualquer forma, o meu melhor amigo está aqui e enquanto assim o for, a minha presença não é desnecessária. 

terça-feira, 19 de março de 2013

saudades da minha gente

tenho saudades da minha gente. chegando cedo ao trabalho, ponho-me a ver e rever mensagens no facebook que remontam a 2009, quando o criei. constantes frases fofas, posts, pokes e sei lá mais o quê. tenho saudades de estar em portugal e de conviver com os meus amigos. não estar sempre expectante a pensar se se lembram de mim, se ainda gostam de mim. de saber só. de estar lá e saber. de participar nos momentos e fazer parte das memórias. estando longe perde-se a magia do que é realmente ter amigos. tenho amigos aqui mas nunca é a mesma coisa. e quando estou em portugal só me apetece estar com eles e fico com nervoso miúdo na barriga na ansiedade de os ver. acho que eles não sabem disso, mas é verdade. aquela sensação de que os vou abraçar, conversar, contar novidades. é boa. mas nada bate a sensação de liberdade de poder sair de casa e ir ter com a rebeca. telefonar grátis à inês. sair no bairro com a sónia. curtir um passeio com a loira. cozinhar com a ana. ir ao urban com o afonso. apanhar bebedeiras com a susana. passear na praia com a wasanthi. almoçar na croissantaria com a relva. festas nos anjos. ficava aqui o resto da manhã a debitar as saudades que tenho. estar longe é muito difícil e nunca ninguém nos prepara para isto. os meus amigos são casa para mim, conforto, amor, partilha. e não há um dia que passe que não pense em pelo menos um deles.

segunda-feira, 18 de março de 2013

questões de religião

ontem tive uma situação um bocado fora do comum. em reunião com um cliente, à espera de um LPO, uma espécie de recibo, começámos a falar sobre religião, morte e crenças. a pessoa em questão tem origens indianas, sexo masculino e viveu praticamente a vida toda em sidney. mudou-se para o dubai nos últimos anos e aqui permanece porque gosta do tempo (crazy people!). já não me lembro a propósito do que é que surgiu a conversa religiosa e afins, mas ele ficou algo chocado por saber que não sou religiosa e ateua. ele perguntou-me se eu sou infeliz, se aquelas conversas me deprimem e, então, porque é que eu não acredito. não sou infeliz por acreditar em factos, mais que em forças ou crenças, deprimem-me um bocado no sentido em que a vida é demasiado efémera e curta. penso nisso um bom pedaço e saber que devemos aproveitar porque this is it, acho que dá um gostinho diferente. para mim qualquer religião é uma forma de sentir conforto em relação à nossa existência. não acho que seja de fracos, nem pouco mais ou menos. acho que é uma opção e serve precisamente para as pessoas acreditarem que têm um propósito, que as coisas não são em vão e que a nossa passagem por cá não é, ou deve ser, um dado adquirido. acredito na ciência e nas crenças da ciência. acredito em fazer coisas boas para receber coisas boas. acredito em não tratar mal os outros. acredito em aproveitar as situações e os momentos - mas nada de carpe diem que isso é exagero. acredito que o carpe diem também precise de um dia só para dizer merda e mandar todo o mundo para o cacete. há dias que não são os nossos e ponto. ele disse-me que acredita que as almas ressuscitam  noutros corpos e que, olhando para os olhos das pessoas conseguimos perceber a idade que têm. não a idade física. acredita que os milionários de hoje são os benfeitores de ontem e que as criancinhas que morrem em áfrica esfomeadas e com sida são os terroristas do passado. a teoria é um bocado fucked up e sinceramente não sei bem o que fazer dela. não acredito em criarmos a nossa própria religião e acabo por ser um bocado extremista nestes casos: ou se é religioso ou não. não há meio caminho para as coisas. quem está a meio termo acaba por ser cínico. gostava de conseguir acreditar em alguma coisa. que o einstein era uma alma já velha, que tinha visto mares e terras e, por isso, era um génio. que o galileo já sabia que era a terra que andava à volta do sol e não o contrário porque se fartou de estudar nas vidas anteriores. mas se é assim, de onde é que nascem as novas almas? de onde é que vieram? estão sempre a ser recicladas? reproduzem-se e produzem alminhas bebés? há sempre gralhas nas crenças e religiões. já é amiga ciência, diz-nos as coisas como são. preto no branco.

domingo, 17 de março de 2013

presente

ontem foi um dia multi-facetado. 16 de março marcou um "aniversário", um casamento e um re-encontro. fez um ano que me submeti a uma IVG. uma das minhas amigas casou-se. voltei a encontrar um amigo meu de mestrado em pleno dubai.

a IVG não é uma coisa fácil de se lidar, mas é um acontecimento bastante comum nos dias de hoje. foram duas semanas complicadas, inacreditáveis e aterradoras. tive algum apoio, nem sempre o suficiente, senti-me inútil, bastante inútil, e ontem fez um ano que isso aconteceu. o que já se passou entretanto. em conversa sobre isso com o manel começámos a brincar na possibilidade de termos ido para a frente com a situação. com certeza não estaríamos no dubai e as nossas condições iam ser muito diferentes. ao fim e ao cabo, nem gosto de pensar.

uma das minhas grandes amigas casou-se, oficialmente. a definição de casamento está um bocado dissipada nos dias de hoje. muitas pessoas que conheço já vivem com o/a namorado/a, eu inclusive e há quem considere isso um casamento. mas ela foi a primeira pelo registo. a ana mandou-me umas fotos e mal olhei para elas comecei a chorar. tentei enganar-me a dizer que talvez não fosse assim tão mau não estar presente - por falta de dinheiro e oportunidade - mas foi. dava muito para ter lá estado ontem. nem soube bem o que fazer para tentar compensar a minha ausência. acabei por escrever um email, a que dei a designação de carta, a tentar exprimir tudo aquilo que estava a sentir. é difícil pôr por palavras uma coisa que não se explica. saber que dois amigos se estão a juntar, teoricamente para a vida dá um sentido de perspectiva diferente. e ela tem a minha idade. acho que não havia nada que eu pudesse fazer ou dizer. mas neste caso vai ter de contar a intenção porque é tudo aquilo que eu posso dar agora.

o re-encontro com o pedro foi bastante agradável. já não o via há mais de um ano e teve ele de vir ao dubai para nos vermos. foi giro, reconfortante, amigável. é sempre bom partilharmos com amigos aquilo que estamos a viver e eles terem oportunidade de ver que afinal a decisão que tomamos de sair de casa foi a mais certa, por agora. sempre gostei do pedro e sempre soubemos conversar.

terça-feira, 12 de março de 2013

attention!

nós mulheres somos bichos complicados com problemas bem grandes. as nossas expectativas estão sempre associadas ao que vemos nos filmes. esperamos sempre um gesto romântico, uma aparição repentina, uma surpresa agradável. principalmente, que eles mudem. garanto-vos que se desde o início ele está confuso, sem saber o que quer, tem de esperar, acha que não nos merece, nunca vai sair desse patamar. não somos nós que ele quer. ou tem outra fisgada ou simplesmente está a passar o tempo. isto surgiu de uma conversa que tive hoje com a minha colega de trabalho. a senhora andou com um rapaz on and off durante dois anos. ora se comiam ora não. e ele sempre a pedir-lhe para esperar, que ele estava a crescer para a merecer, que ia mudar (...) bla, bla, bla. a probabilidade é quase 100% certa que ele não a quer, que está a deixá-la no limbo para ela ficar às voltas dele porque, sempre que lhe apetece, manda-lhe aquelas balelas para cima e ela volta, na esperança, na expectativa. não sou a maior nem melhor perita, mas sei que, quando eles querem, movem mares e montanhas para estar com a rapariga. fazem mesmo o possível e o impossível. eu já estive dos dois lados: em que andei no limbo e fizeram por mim. no limbo fartei-me rápido porque felizmente consigo cheirar à distância. moverem montanhas e mares resultou porque sem isso não estaria hoje no dubai. fui sincera com a dita senhora e disse-lhe exactamente o que achava. acho que ela não me ouviu e continuou a contar-me a, b e c. mas é assim. só ouvimos o que queremos. isto, garanto-lhe eu!

domingo, 3 de março de 2013

porquêêê?

como é que se diz a uma pessoa que já não queremos trabalhar com ela? que não está a resultar? que estou a sair prejudicada numa situação em que praticamente só tenho a perder? duas semanas e não há faísca. não estou a sentir. não dá e não funciona. e voltamos à conversa do outro dia. enfim.

sábado, 2 de março de 2013

trabalha eduarda

esta última semana foi um misto de vontades e não-vontades. segunda foi um dia em cheio. viagem a abu dhabi para uma reunião de manhã e tarde de trabalho/lazer com dois amigos, um de visita de portugal em trabalho. à noite comecei a sentir síntomas de gripe. enfiei logo no bucho um cêgripe a ver se no dia seguinte acordava melhor. acordei pior. sentia-me fraca e sem vontade de estar a olhar para um computador que me secava os olhos. terça ainda fui trabalhar a muito custo e passei pela feira de comida no world trade center. paguei 50€ para conseguir usufruir só um dia. quarta não me aguentei e tive de pedir para não ir ao office mas entre um olho aberto e outro fechado tentei continuar a trabalhar. a tarde foi passada em casa. quinta mais do mesmo e saí com esforço para um jantar de amigos. agasalhada e coberta cheguei a casa por volta da uma pronta para a cama. ontem tive uma reunião aqui perto de casa e foi a única altura que me permiti sair do conforto do meu pijama para logo voltar. trabalho foi pouco, o que prejudicou a semana freelance e esta semana com o kim a ficar cá em casa o tempo vai ter de ser bastante bem gerido. a sorte é que a boss vai estar fora, no trabalho as coisas vão estar mais calmas e vou ter mais tempo para dedicar, lá, ao freelance. vamos fazer figas para que isso resulte e possa passar as tardes em modo turista, mais uma vez. a piada de tudo é que não vejo o kim há coisa de ano e meio e agora vamos encontrar-nos no dubai. soube ontem que é a primeira vez que ele vai sair da europa. imaginava lá ele que ia ser por causa da pita.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

dói-dói

porque é que será que nos custa muito dizer a verdade? ou dizer que não! hoje não me apetece porque quero ficar em casa. hoje não me apetece porque quero ir ao ginásio. ficas muito gorda nessas calças. esse penteado não te favorece. não gosto que abuses de mim. lembras-te naquele dia que só decidias se ias sair se eu fosse? eu sei que estavas pendente se eu levava o carro ou não.

não percebo porque é que as pessoas não gostam de ouvir a verdade. porque é a verdade? porque ficam magoadas? porque a verdade nem sempre é boa de se ouvir. eu sei o que sinto quando me dizem que não gostaram do que eu disse, do que eu fiz, da forma como agi. mas passados cinco segundos passa-me e percebo que só me disseram para da próxima vez eu saber e provavelmente não fazer. ou mesmo fazendo, já sei que incomodo alguém. mas quando salta algum resquício da verdade para fora ficam todos muito indignados. como é que alguém poderá/quererá dizer a verdade? não sou boa mentirosa mas tenho as minhas mentiras. nada de grave. nada que afecte outros. mas também chego a um limite que me pergunto, porque é que tenho de dar desculpas se o que eu estou a pensar é que deveria estar a dizer? para proteger quem? a outra pessoa que provavelmente também me mente? e quando me deixo disso os que estão à minha volta estranham. porque eu calo e engulo e quando começo a "falar" perguntam-me se estou com o período. porque o TPM é desculpa para tudo. claro.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

fucked up

quando é que sabemos dizer já chega? quando é que sabemos que atingimos o nosso limite e não queremos mais? uma sensação de saturação? de irritação? de tristeza? como é que sabemos que não é só do momento, uma vontade irracional que nos dá de cair fora e não repetir o mesmo erro? provavelmente somos abordados por estas questões numa base diária. em relação ao que quer que seja. ao nosso parceiro(a), ao nosso trabalho, à nossa área, aos nossos amigos. será que somos mesmo capazes de perceber que já não queremos mais de alguma coisa. quando comemos e ficamos cheios sabemos que já não queremos mais e se quisermos é só gula. há tanto quanto um ser humano pode comer e atingido o limite o resultado é bastante visível. estamos cheios, não queremos mais. o mesmo acontece noutros aspectos menos biológicos? às vezes sou assombrada, por exemplo, por um já chega em relação à minha profissão. não sei se é só nesta parte do mundo mas sou vista como um bicho ignorante que utiliza softwares engraçados. maior parte dos meus clientes trata-me como se fosse estúpida. literalmente. quando eles é que são os estúpidos. dizem-me que é impossível eu levar tanto tempo ou tantos dias a fazer um logótipo. numa tarde isso fica despachado. pode ser verdade como pode não ser. se hoje estiver para ai virada, sou capaz de, em duas horas ter um logótipo. senão, tenho de esperar que me apareça a inspiração divina da santa criatividade. o padrão é sempre o mesmo e a vontade mais regular. apetece mandá-los todos para a merda e dizer façam vocês. há duas semanas tive uma reunião com um alemão que abriu duas empresas aqui no dubai. uma de iluminação e outra de catering. os nomes têm um elemento em comum e ele queria que eu criasse um logótipo que os identificasse como parte de um mesmo todo. enviei-lhe um orçamento personalizado, como faço em todos os potenciais clientes - e na segunda reunião ele quis negociar o preço. a ameaça do bacano era "I can go on freelancer.com and hire someone that will do me the whole project for 100 dollars". ora, ele repetiu esta frase quatro vezes no espaço de 20 minutos. meus caros, o que é que dá vontade de dizer? "então vai ao freelancer.com e pára de desperdiçar o meu tempo". como é óbvio não disse, tentei explicar-lhe que é por causa desses cabeçudos que se vendem por tão pouco que o mercado está como está. que o meu trabalho é valioso e não é qualquer bichano que o faz. lá conseguimos acordar um valor final adequado à vontade de cada uma das partes e eu comecei a trabalhar no projecto para ele. a ideia é fazer um conjunto de objectos portanto a nossa relação quer-se próspera. não deixa de ser frustrante ter de negociar os preços que pratico e que me permitem pagar as contas que tenho. acham que são capazes de eles próprios fazer o que eu faço? então façam meus amigos. façam.

nota: eu sei que há imensa gente nos sites de freelance que pratica os preços que pratica porque para eles é o suficiente para uma semana - ou mais - de alimentação e afins. mas tendo noção disso e sabendo quem eu sou e de onde venho, gostava que percebessem que os valores que aplico vão de encontro às despesas mais básicas que eu tenho.