sábado, 9 de fevereiro de 2013

fucked up

quando é que sabemos dizer já chega? quando é que sabemos que atingimos o nosso limite e não queremos mais? uma sensação de saturação? de irritação? de tristeza? como é que sabemos que não é só do momento, uma vontade irracional que nos dá de cair fora e não repetir o mesmo erro? provavelmente somos abordados por estas questões numa base diária. em relação ao que quer que seja. ao nosso parceiro(a), ao nosso trabalho, à nossa área, aos nossos amigos. será que somos mesmo capazes de perceber que já não queremos mais de alguma coisa. quando comemos e ficamos cheios sabemos que já não queremos mais e se quisermos é só gula. há tanto quanto um ser humano pode comer e atingido o limite o resultado é bastante visível. estamos cheios, não queremos mais. o mesmo acontece noutros aspectos menos biológicos? às vezes sou assombrada, por exemplo, por um já chega em relação à minha profissão. não sei se é só nesta parte do mundo mas sou vista como um bicho ignorante que utiliza softwares engraçados. maior parte dos meus clientes trata-me como se fosse estúpida. literalmente. quando eles é que são os estúpidos. dizem-me que é impossível eu levar tanto tempo ou tantos dias a fazer um logótipo. numa tarde isso fica despachado. pode ser verdade como pode não ser. se hoje estiver para ai virada, sou capaz de, em duas horas ter um logótipo. senão, tenho de esperar que me apareça a inspiração divina da santa criatividade. o padrão é sempre o mesmo e a vontade mais regular. apetece mandá-los todos para a merda e dizer façam vocês. há duas semanas tive uma reunião com um alemão que abriu duas empresas aqui no dubai. uma de iluminação e outra de catering. os nomes têm um elemento em comum e ele queria que eu criasse um logótipo que os identificasse como parte de um mesmo todo. enviei-lhe um orçamento personalizado, como faço em todos os potenciais clientes - e na segunda reunião ele quis negociar o preço. a ameaça do bacano era "I can go on freelancer.com and hire someone that will do me the whole project for 100 dollars". ora, ele repetiu esta frase quatro vezes no espaço de 20 minutos. meus caros, o que é que dá vontade de dizer? "então vai ao freelancer.com e pára de desperdiçar o meu tempo". como é óbvio não disse, tentei explicar-lhe que é por causa desses cabeçudos que se vendem por tão pouco que o mercado está como está. que o meu trabalho é valioso e não é qualquer bichano que o faz. lá conseguimos acordar um valor final adequado à vontade de cada uma das partes e eu comecei a trabalhar no projecto para ele. a ideia é fazer um conjunto de objectos portanto a nossa relação quer-se próspera. não deixa de ser frustrante ter de negociar os preços que pratico e que me permitem pagar as contas que tenho. acham que são capazes de eles próprios fazer o que eu faço? então façam meus amigos. façam.

nota: eu sei que há imensa gente nos sites de freelance que pratica os preços que pratica porque para eles é o suficiente para uma semana - ou mais - de alimentação e afins. mas tendo noção disso e sabendo quem eu sou e de onde venho, gostava que percebessem que os valores que aplico vão de encontro às despesas mais básicas que eu tenho.

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