quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

life in the middle east #19

depois de viver este tempo no dubai a minha vontade era ter visibilidade suficiente para começar a escrever um blog que difamasse esta gente toda. a quantidade de atrocidades a que eu assisto e sou alvo não se conta pelos dedos das mãos e dos pés. contratos que são assinados sem valor, prazos que não são cumpridos, todo e qualquer assunto é urgente (do tipo, vou ali fazer um cocózinho que é muito urgente e já para esta tarde). não há paciência para pessoas que parece que não sabem o que andam aqui a fazer. somos literalmente gozados todos os dias. não há um que passe em que não surja um problema. ou é porque não há dinheiro suficiente para pagar a renda da casa e temos de ir dar o rabinho ou porque as agências de aluguer de carros decidem mudar políticas do nada ou simplesmente porque quem nos trouxe para cá deixou de se preocupar. por amor da santa, dêem-me paciência que o meu poço já esgotou.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

dúvida (in)existencial

cultura geral. o que é que é ter cultura geral? saber quem é o presidente e todos os primeiros ministros de portugal? saber quem era salazar? conhecer a panóplia de filmes do tarantino? há alguma definição de cultura geral? há quem saiba muito e pouco. depende do assunto? depende da especialização de cada um? quando me falam sobre cultura geral questiono sempre o que é que isso quer dizer na literalidade da palavra. será que eu não tenho cultura geral suficiente? por não saber o nome do ministro das finanças português? mas sei o que é um pantone (?)! 

sábado, 26 de janeiro de 2013

osmose

as relações são sistemas complicados. nos últimos tempos tenho vindo a ter conhecimento dos mais idiotas, estúpidos e irritantes enredos amorosos. "casais" que acabam e começam, acabam e começam, acabam e começam. andam num on and off durante anos sem realmente terem uma relação a sério ou pelo menos darem uma oportunidade à outra pessoa. não sou uma expert neste assunto, estou na minha segunda relação mais séria, mas garanto-vos que nunca acabei e comecei em qualquer uma delas. nunca sequer vontade tive. se queremos estar com uma pessoa queremos, ponto. não andamos a enganá-la e a enganar-nos para depois andarmos metidos com o zé manel ou a maria joaquina. ou sejam lá quais forem as razões que levam as pessoas a fazer isso. do historial que eu conheço, acabar e voltar nunca resultou para ninguém. acredito que deva ser estranho, quase como se estivéssemos a conhecer a pessoa de novo mas com todo um historial em comum por trás. tenho uma amiga que "namora" há dez anos com a mesma pessoa. pelo meio já existiram traições, tempos, rupturas de x tempo. e ainda hoje continuam juntos. só eles é que não vêem que não são a pessoa certa um para o outro. que há mais e melhor peixe no mar. mas que é facto é que se percebe que aquilo não resulta. as discussões são constantes, não há grande confiança - que foi sendo quebrada com todos aqueles solavancos - e não conseguem ter lembrança de um momento recente bom. deixa-me frustrada ver as pessoas nestas situações. não tenho nada a ver com o que cada um decide fazer, pelo contrário. estou no meu direito de opinar mas não julgar. de qualquer forma é extremamente cansativo e acredito que para as pessoas que o vivem deva ser muito, mas muito mais. aqui no dubai também tenho outra amiga que já tinha idade para ter juizinho e mesmo assim as investidas para com o ex namorado são constantes. ora estão ora não estão. ela clama que ele é o amor da vida dela, mas estão sempre a acabar. contudo estão "juntos" há anos e anos. está fora de mim compreender este tipo de situações. quem me quiser ajudar agradeço.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

miuccia

tenho lido imensas notícias, comentários, artigos, crónicas acerca do tema de uma blogger num anúncio de uma marca de electrónica. a grande polémica em torno de um desejo que todos acharam fútil, egoísta, mal colocado numa altura em que portugal e o mundo passam por uma das maiores crises de sempre. não faço comentários em relação a esse factor que não me diz respeito. mas depois leio comentários que falam da moda como um infortúnio e fútil meio de expressão. não sou a maior nem a pior conhecedora, sei o suficiente para perceber aquilo por que estou perante. dependendo de muitos ângulos, a moda é uma forma de arte. miuccia prada construiu dos reinados mais dignos de tela que muitos que se intitulam de artistas. há colecções que nos inspiram e nos podem ajudar a perceber quem são as pessoas, a que aspiram, aquilo que gostam. pode ser uma maneira de nos impormos ou criar um ponto de vista. não gosto quando vejo pessoas que denigrem sem conhecerem. nem toda a gente consegue perceber a moda e a forma como é construída e complexa, e isso é como tudo, mas também não devem criticar tão afincadamente aquilo que não conhecem. nem todos a sabem usar e expressar da mesma forma, o seu meio nem sempre é utilizado para o melhor fim, mas não deixa de ser exasperante ler comentários tão ignorantes e energúmenos. fica o pormenor.

sábado, 19 de janeiro de 2013

paranóia*

há dias que só me apetece mandar tudo para o catano. desaparecer e deixar-me absorver pelo mundo. isso sim valeria a pena. deixar de pensar em contas ao final do mês, na renda que me deixa louca, na preocupação de fazer e coleccionar constantemente o dinheiro. digam o que me disserem, nada me tira da cabeça que um dia vou fazer isso. e só por mim. quero ser egoísta a esse ponto. quero criar uma vida de experiência surreais e bacanas que me façam olhar para trás e saber que tudo valeu a pena. não quero ter uma agenda cheia de páginas escritas e rabiscadas com os afazeres do dia a dia. quero ter uma agenda preenchida por acontecimentos relevantes e imunes a uma rotina que todos nós temos nas nossas vidas. coisas que me deixem acreditar que o mundo é para ser visto e conhecido e topado e compreendido da melhor forma possível. esquecer os problemas das relações humanas e experimentá-las, vivê-las sem preocupações ou o que quer que seja que nós temos tendência a complicar. vejo tanta gente presa à sua vida e às pessoas que nela estão que me dá pena. pena de não conseguirem avançar, esquecer e perceber que se calhar deveriam procurar pessoas diferentes que as libertem e as ajudem a ver aquilo de que a vida é feita. não é que eu esteja sempre lá, mas passo muitas vezes. e não preciso de estar no dubai para isso acontecer. não podemos ter sempre experiências transcendentes, mas acho que devemos sempre tentar transcender alguma coisa maior que nós. ou então sou só eu em efeito de paranóia.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

fauna criativa

às vezes gostava de escrever um livro sobre uma nova espécie de trabalhadores que se intitulam de intermediários. aqui no dubai lido muito com eles. são pessoas que fazem a ponte entre o cliente e o designer, neste caso tornando-se os próprios intermediários os clientes dos designers. até aqui nada poderia passar-se de mal. o problema é que este espécime não entende absolutamente nada de design, de qualquer tipo de actividade associada ao design, que os coloca numa posição onde só sabem fazer briefings de coisas criativas. nós perguntamos aspectos mais específicos do trabalho que nos é proposto e eles respondem firmemente que querem algo criativo, original, diferente. mas depois quando enviamos o que temos em mente eles conseguem ser ainda mais específicos: queremos algo ainda mais criativo e não era bem isso que tínhamos em mente. perguntamos o que é que têm em mente e eles respondem em tom muito baixo não sei. ora muito obrigadinha pela ajuda. querem algo criativo, que não era bem o que estavam a pensar, mais criativo ainda. aprendam. aprendam e façam-me o favor.