há uma semana e um dia estava eu reticente e a sentir-me num impasse por ter aceite um estágio não remunerado. ora pois bem. cinco dias de semana, oito horas e meia por dia, sentada a um computador, rodeada de criativos, accounts, arquitectos e afins. chegava sempre mais cedo e saí sempre a horas. retoquei layouts já terminados, corrigi alguns erros ortográficos, substituí textos de inglês para português e criei e desenvolvi um projecto de raiz. sexta-feira fui dizer que era o meu último dia. ora, uma semana dizem que é pouco (também vivi no dubai um ano e meio e disseram-me que foi muito pouco). quem é que determina quanto tempo é que temos de aguentar com fretes e ainda nos dizem que é pouco? fui dizer que era o meu último dia e foi. hoje já retomei a rotina de outras semanas. não quero estar num trabalho onde não me pagam pelo meu tempo e dedicação. não quero estar a fazer trabalho de estagiária que já fiz. não quero estar a corrigir pequenos erros durante três dias. não quero fingir que tenho de recomeçar só porque estou em portugal. quero retomar o que deixei. a minha carreira só pode progredir e aquela posição fez-me sentir o contrário. chegava a casa sem vontade de fazer nada e, correndo o risco de parecer exagerada, senti que o meu espírito era comido dia após dia. e o daquelas pessoas é, na realidade. é isso que acontece. utilizam as horas de almoço para falar e falar mal do que fazem. que trabalham longas horas, que lhes roubam os fins-de-semana, que se ressentem e ao sítio onde estão. então a minha pergunta é: porquê ficar? pode, neste momento não existir outra opção e isso é completamente compreensível e fora de mim dizer que não se podem (ou devem) queixar. mas há sempre alguma coisa que podemos fazer em qualquer situação e aquela não é excepção. portanto, para não ser paga e trabalhar o dia todo, mais vale não ser paga e investir em mim e em alguma coisa que realmente me faça feliz.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
domingo, 24 de novembro de 2013
havas
não tenho a certeza se amanhã começa uma nova fase. na quinta-feira passada fui a uma entrevista na havas (antiga euro rscg) uma agência mundial conhecida pelas marcas com que trabalha. a entrevista pareceu-me correr bem, mas cedo na semana tinham-me ligado a avisar que seria levada a entrevista e, eventualmente contratada, para um estágio de três meses não remunerado. ora, eu sempre disse que sou contra esse tipo de comportamento empresarial. todo e qualquer trabalho deve ser compensado e este dá-me a sensação que não é. fazem as pessoas trabalhar, sempre, até mais tarde, sem qualquer tipo de ajudas de custo, garantindo que se nos esforçarmos ficamos com um lugar júnior na empresa só para continuar com as horas de cão e um salário miserável. ah! e não há garantia que entretanto não nos despeçam, como aconteceu a uma amiga que durou duas semanas. sexta-feira de manhã ligam-me a dizer que fiquei com uma das vagas e que começava segunda às 9h30. no momento aceitei. relutante. e para ser sincera continuo agora. tenho vontade de lá chegar amanhã, dizer que agradeço a oportunidade mas que não colaboro com este tipo de atitudes e não trabalho de graça. porque a verdade é que não sei se me quero esforçar e dar o meu melhor a quem está a lucrar com o trabalho não pago de outra pessoa. dizem que é um bom nome para ter no currículo, havas. que ganho experiência e tendo em conta que não estou a trabalhar, pelo menos estou ocupada. mas não sei se quero estar ocupada com isso. ir contra aquilo que sempre disse e regredir na minha "carreira". não estou entusiasmada. não anseio pelo primeiro dia de trabalho e acima de tudo, estou chateada comigo. mas até amanhã ainda alguma coisa pode mudar.
terça-feira, 19 de novembro de 2013
experiência pessoal vs. regularidade de encontros
é difícil compreender a linha que definimos em relação ao que decidimos contar ou não a outras pessoas. assuntos pessoais, assuntos laborais, assuntos mundanos, assuntos dos outros. qual é a linha (sem ser a da zon) que nos pode ajudar a ter filtros? pessoalmente tento defini-la por indivíduos. há vários tipos de pessoas na minha vida e cada uma está classificada por interacção. regularidade de encontro vs. experiência pessoal. e sinto que deve existir um equilíbrio que deita abaixo os nossos filtros e outro que os mantém. lá por me dar há muito tempo com alguém não quer dizer que seja um encounter regular, ao passo que uma pessoa que não conheço há mais de cinco anos não seja a escolha certa para partilhar os assuntos. isto porque há dois dias que discuto esses limites com o manel como forma de arranjarmos, os dois, um equilíbrio que nos ajude a perceber o que contar ou não, por exemplo aos nossos pais. chegamos a um acordo e, pelo menos na próxima semana, há previsões de paz no lar.
terça-feira, 12 de novembro de 2013
what the blip
a mudança veio quase três meses depois e quero ter este espaço como o espaço de experimentação para o meu curso que ainda vai só na fase feto. tenho tentado empurrar com alguns vídeos on the side mas a coisa está a ir mais lentamente do que eu queria. estou desempregada, com pouco para fazer e mesmo assim 24 horas não são suficientes. consigo, sempre, manter-me ocupada seja com o que for. isso traz-me um bocado de infelicidade porque imagino quando tiver (se tiver) trabalho. notem que já não chamo emprego, porque em portugal não se sabe o que isso é, é trabalho. só peço trabalho. ainda não passou tempo suficiente mas já esgotei os limites da minha busca. já passei dias maus a pensar que não estou a conduzir a minha vida para lado nenhum e outros melhores em que posso agradecer o tempo que me está a ser dado para aproveitar e organizar a minha vida. estou a um dedo de começar a concorrer para trabalhos fora da minha área que inclui uma vasta panóplia de áreas como o lazer, alimentação ou carpintaria. entretanto estou à procura de um estilo que possa identificar o meu estilo (?) passo à contradição. fresquinha nos 25, imaginava um roteiro diferente daquele que estou a seguir. talvez com menos tempo e mais trabalho. tenho parado para pensar nas minhas prioridades e o que significa ter prioridades. fazer uma coisa primeiro em vez de outra? porquê? dar mais importância a um amigo que outro? a culpa vai pesando um bocado e quero libertar-me dela o mais depressa possível. talvez não saiba como e tenha perdido esse jeito de agir. depois do tempo que estive fora - e da vontade que tenho de voltar a sair - acabo por criar certos hábitos, talvez de protecção, que me parecem tão distantes dos que tinha antes de me ir embora. o facto de não saber estar e ficar com certas pessoas atormenta-me a cabeça e perturba-me os sonhos. ultimamente tenho tido sonhos bastante realistas, tipo aqueles quadros onde vemos uma taça cheia de fruta. situações e pessoas reais em momentos que poderiam, facilmente, ser reais. é engraçado. não acrescentam nem retiram nada. assombram-me o sono, que precisa ser posto em dia, e não me deixam descansar completamente. o de hoje levou a uma mensagem que foi lida mas ficou por ser respondida e fico sem saber porquê. tento não dar assim tanta importância que, como já foi referido n vezes neste espaço, nós meninas temos tendência a projectar. de qualquer forma, não desanimem que isto daqui, só pode melhorar.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
tempo que (não) passa
ultimamente tenho lido muitos artigos que falam de casos de emigração do pessoal jovem. identifico-me com alguns, afasto-me de outros. mas uma das coisas que mais me marcou nessas leituras foi o apontamento geral do facto de quem emigra achar ou ter alguma noção quase inconsciente que as coisas em casa estagnam porque nos vamos embora. as vidas param, as pessoas sofrem a nossa ausência. mas nada disso acontece - obviamente. as pessoas crescem, as vidas seguem, o mundo continua a girar. é ano zero para nós mas não para elas. e isso é perfeitamente aceitável até ao ponto em que deixamos de fazer parte da rotina, das combinações, dos encontros e desencontros. já não somos um do grupo. somos aquele que emigrou e agora se vê de volta à altura em que saiu. é um sentimento falso e uma memória falsa criada, mas não deixamos de sentir que queremos recuperar alguma coisa do que foi perdido. só acho que não sabemos como. agora em lisboa só penso em todas as possibilidades daquilo que posso re-fazer e a primeira vez que me vejo com tempo só quero ficar em casa. sozinha. por não saber que mensagem enviar ou abordagem ter! e tinha este texto pensado desde domingo passado.
terça-feira, 10 de setembro de 2013
alice in düsseldorf
parece que vim dar uma voltinha a düsseldorf. três horas de avião, um aeroporto longínquo (e errado) e cá estou eu. chegamos ontem, estoirados e cheios de frio e acomodamo-nos nas instalações do clube onde o manel veio à experiência. surgiu uma oportunidade instantânea e sendo relativamente perto decidimos aparecer. até ver, a cidade é bastante bonita. bem organizada, estruturada, bons transportes, ruas limpas, casas amorosas. o problema é um frio mas quem é que não quer relembrar que já morou nas várias temperaturas? parece o nosso inverno em janeiro e os habitantes estão em t-shirt enquanto eu me enrolo em cobertores. amanhã vamos para um hotel no centro da cidade para poder visitar e apreciar. perceber se gostávamos de morar aqui. comemos a primeira wrust ao almoço e tenho estado sempre a trabalhar. percebo o encanto das cidades nórdicas e com um bom agasalho sobrevive-se lindamente.
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
do the job(s)
acabei de chegar a casa do cinema. isto de voltar à "civilização" é outra coisa. no campo pequeno e com um balde de pipocas assisti ao filme Jobs. entre várias coisas pus-me a pensar no quanto as pessoas na nossa vida nos conseguem influenciar a tomar ou não uma decisão, a aceitar ou rejeitar uma oportunidade, a seguir em frente ou decidir ficar na mesma. não estou a tomar partidos, qualquer uma opção pode ser válida. mas até que ponto, quem nos circunda não é influenciável o suficiente para nos fazer tomar uma decisão que pode ou não ser a mais acertada? conversa idiota, eu sei. mas penso nisto principalmente no que toca a oportunidades. já falei várias vezes com o manel sobre aproveitar oportunidades. não sou a favor de aceitar todas as oportunidades que nos aparecem à frente. vamos sendo prova de que nem tudo o que vem à rede é peixe. mas até que ponto somos nós que conseguimos definir se aquilo que está à nossa frente deve ou não ser aproveitado? onde é que fomos buscar autoridade? em retrospectiva, nunca nos devemos meter. temos direito à nossa opinião e só a damos se for pedida. porque, fora isso e se não estivermos influenciados na decisão, quem somos nós?
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