domingo, 13 de junho de 2010

sobrevivência social

a questão da confiança é algo muito importante, principalmente nos dias de hoje onde há tanto por onde escolher. parece-me irrisório pensar que existe apenas uma pessoa indicada para nós. mas mais que isso, porque não haverá de existir? e se existir, teremos sempre de contar todo e qualquer pedaço da nossa vida? mesmo um pedaço em que essa pessoa não seja um componente da equação? não sei. figuro sempre os dois lados de uma situação. o que eu sinto e o que o outro sente. e é sempre muuuito importante colocarmo-nos no ponto de vista de quem está a ouvir aquilo que temos para dizer. no fundo, queremos todos uma justificação ou explanação para não contar ou ocultar e convencemo-nos de que não estamos a mentir mas a proteger. para mim, a mentira dá-me náuseas. sério. há qualquer coisa nessa palavra que nunca funcionou bem em mim. e nunca me convencerão que às vezes o melhor é mentir. não contar que tiramos um euro da carteira do pai é uma coisa, não contar que nos embebedamos é outra. nesse aspecto, sempre tive muito à vontade com os meus pais. tudo aquilo que cometi até hoje, eles sabem. não há razões para esconder, nunca houve. mas com os amigos, namorados, curtes, existe sempre margem de verdade. até que ponto somos completamente sinceros com eles? e depois, connosco? acabamos por criar um espelho ilusório e idiota que não serve de muito mas que nos protege daquilo que vem. ao fim e ao cabo, o instinto é sempre o mesmo: protegermo-nos at all costs. somos uns animais no que toca à sobrevivência e como não lidamos com a verdadeira luta pela sobrevivência, temos de procurar a sobrevivência social, do blend in e do ser aceitável pelos outros. o que é terrível, porque tentamos sempre dar o nosso melhor que pode acabar por fazer ricochet. acreditem. eu sei. é como levar com uma bola de basket num furo acabado de fazer. o melhor que temos a fazer - e como sempre - é esperar que o tempo apague ou dissimule e a memória recalque ou remeta. e tenho dito.

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