quinta-feira, 7 de outubro de 2010

when you get home

existe um equilíbrio (que se me lembro já aqui falei nele) que nos permite dar e receber. acredito perfeitamente que coisas boas trazem boas coisas e coisas más trazem más coisas. ultimamente, não encontro o meu equilíbrio. salto de casa em casa, com uma mala às costas. sem querer parecer drástica, por esta altura, já deveria ter recuperado a minha adorada rotina lisboeta. tenho saudades de estar em casa, sozinha, com as minhas coisas. esperar que a minha amiga chegue, jantar ou esperar que ela jante, conversar sobre o dia e vermos um filme. sei que os inícios de relação ocupam demasiado de nós. são quase desgastantes. por um lado sinto que quero estar sempre com ele e por outro, sinto que preciso do meu espaço. agradou-me há pouco ter vindo para casa. já fiz, pelo menos, quatro coisas que gosto (beber chá, comer bolachinhas, lavar a loiça e arrumar a cozinha). é verdade, eu gosto de lavar a loiça. sem descurar o gostar de estar com o meu namorado - que obviamente gosto, e muito - tem-me faltado o meu equilíbrio. a minha rotina. também já pensei que, secalhar, este ano a rotina é outra. vai ser mais variável, mais instável. é possível. mas não quero abdicar do que e de quem (também) me faz feliz.

terça à noite fui ao cinema ver o novo filme da Julia Roberts. eat pray love foi, para mim, uma sucessão de vários acontecimentos com que me identifico. tudo bem. não tenho a idade dela. nunca fui casada. não estou no mesmo relacionamento desde a universidade. mas revejo-me em certos aspectos. também eu tenho uma espécie de caixinha com os sítios que quero visitar no mundo. também eu tenho medo de encontrar um impasse na minha vida que não me deixa passar daquilo. muito do que fazemos depende da determinação e da motivação que temos, ou vamos conseguir ter. uma coisa é certa, não podemos esperar pelo tempo porque ele nunca vai esperar por nós. e cada vez me apercebo mais disso! no outro dia, na aula de história e teoria do design gráfico, estavamos a falar do centenário da república e a professora disse que este marco nunca mais vai acontecer na nossa vida e ela vai aproveitar para comemorar porque nos 150 anos comemorativos já cá não está. esse conceito (e sensação) parecem estranhos para quem ainda tem vinte anos, porque tudo nos parece eterno, mas pus-me a pensar que quando chegar aos cinquenta anos de idade, já não me posso dar ao luxo de dizer tenho mais cinquenta anos de vida. porque já não vou ter - a não ser que concretize o sonho de chegar aos cem.

o testamento já vem de há uns dias, mas só agora tive oportunidade de o transpor para a escrita.

vejam o filme, para além de ser muito zen e ter uma mensagem bastante agradável (boa comida e boa música), mostra um lado da Julia Roberts que nunca tinha visto; muito descontraído, despreocupado e inspirador.

1 comentário: