quanto tempo.

para quem trabalha no ramo criativo (e não só) a inspiração é um amigo que está de passagem. ora dorme no sofá, ora dorme no chão, ora vai ali a barcelona e já volta. não é como um par de sapatos que nos pode acompanhar sempre que quisermos e para onde quisermos. desde que comecei a trabalhar, num pequeno part-time na empresa de uma amiga, tenho tido óptimos dias, óptimas referências e óptimos resultados. ontem e hoje não foram dias particularmente inspirados e sinto que algo em mim desvanece quando não estou num dia creativo-inspirativo. nem sempre é fácil e para ajudar temos os milhares - se não milhões - de sites com imagens e afins em auxílio de quem está num dia não. falta uma hora para me ir embora e nem escrever consigo. prova disso é este texto já ter sido redigido três vezes. folgo saber que ainda me resta uma partícula de cabimento que me ajuda a saber que o texto está uma merda. é isso e o tempo.

dia x

bem. o vigésimo primeiro dia da detox chegou e chegou tarde e aldrabado. tenho de ser sincera e admitir que, apesar de continuar a dispensar alguns alimentos, outros re-introduzi na minha dieta. quero voltar aos alimentos de baixas calorias e alto teor de fibra. é mais difícil do que parece e requer uma disciplina no que toca a supermercados e mercados. a minha disponibilidade não é a maior e ao mesmo tempo que tento organizar a minha vida tento encaixar esses novos hábitos. pelo menos ao mercado do campo pequeno ao sábado tenho ido. mantido a vida free de farinha de trigo e ovos também. ananás, maçãs e cerejas é muito mais fácil porque nem tudo contém estes ingredientes. posso dizer que nos últimos dias já tenho sentido mais cansaço do que nos dias que me dediquei sempre a criar pratos com o que tinha disponível. de qualquer forma, alface, beterrabas, pepinos, cenouras, bróculos, laranjas e limões são coisas que há um mês não faltam lá em casa. outro desafio é conciliar os jantares em casa de amigos e mesmo lá em casa. é chato estar a impor condições quando somos convidados e isso cria algum desconforto para mim. de qualquer forma o balanço é positivo e a motivação está a meio-gás.

black is the new now.

lembro-me desde muito cedo que a minha profissão de sonho era ser professora de português. adorava a língua, as aulas, as composições, os livros. nunca quis outra coisa até ao 9º ano, quando me decidi por medicina. uma grande parte dos meus esforços foi nesse sentido. fartava-me de estudar, fazer trabalhos, pesquisar, ler. no 10º ano escolhi ciências e os três anos seguintes foram uma luta constante com aquilo que eu achava que queria fazer e aquilo que realmente estava a acontecer. foram três anos da minha vida que passei frustrada por não estar a atingir os objectivos a que me tinha proposto. no início do 12º ano começou a procura de uma universidade no estrangeiro para me candidatar a medicina. fiz uma série de exames de inglês, concorri e as respostas iam chegando ao longo dos meses. a minha ansiedade era palpável e acho que naquelas alturas, vivemos mais a pensar no futuro que a aproveitar o presente. foram anos complicados que me ensinaram que, afinal a vida nem sempre corre como queremos, achamos ou planeamos. não, corre como tem de correr. quase no final do ano recebi uma resposta positiva de uma das melhores universidades do reino unido, mas propunha condições que eu não me achei capaz de enfrentar. talvez tenha sido medo. isso obrigou-me a enredar por outra área e hoje sou feliz por ter seguido aquilo por que sempre tive uma queda sem perceber. quando damos ou somos obrigados a dar certos passos na nossa vida, somos também obrigados a tomar decisões que nos vão acompanhar para sempre. tenho vindo a aprender que apesar de serem decisões arbitrárias, mudam o curso e a forma como fazemos as coisas. não quero pender sobre os "e se"s da minha vida porque esses nunca me vão adiantar. os objectivos, as pessoas, as vidas mudam e reside em nós a capacidade de enfrentar as situações quando elas chegam e não "se" chegarem ou chegaram. se não aproveitarmos agora vamos aproveitar amanhã?

dia 15 e 16

nos últimos dois dias não tenho comido muito. terça foi um dia meio parvo, especialmente por causa do tempo e ontem foi um dia diferente. de manhã tive aula e fiz umas papas de aveia com três colheres de chá de açucar branco e um toque de canela. nem vos digo a que me soube aquele pequeno-almoço. depois da aula fui para casa e para o almoço fiz uma salada com alface, beterraba, cenoura ralada e pus umas almôndegas suecas no forno. para acompanhar bebi água. logo a seguir foi o meu primeiro dia de trabalho - freelance - e durante a tarde não comi nem bebi nada, ERRO. cheguei a casa e comi o que restou das papas, atenção, sempre feitas com água em vez de leite, e fiquei sem fome para jantar. fui ao cinema e quando cheguei a casa bebi um copo de água. devo dizer que esta semana estou cheia de vontade de emborcar uns chocolates mas por enquanto a minha vontade ainda não se sobrepôs. continuo bem firme e a única indiscrição esta semana foram duas mãos cheias de pipocas ontem. hoje não há permissões. 

dia 14

ontem a dieta continuou a meio gás - e já não estou satisfeita com isso. de manhã, antes da aula, comi um iogurte grego com uma colher de sopa de granola. quando cheguei a casa, o manel estava a fazer o almoço, hamburgueres de frango com massa de farinha de milho e bróculos cozidos. acompanhei com um copo de água. ao lanche comi uma mão cheia de amêndoas. ao jantar fui com o manel e os meus pais a um restaurante em alvalade e comemos um dos melhores polvos à lagareiro que já comi. não abusei em nada, comi o polvo com batatas a murro e bebi um copo de vinho branco.

dia 13

ora, domingo, dia treuze aproveitei para esbanjar mais um bocado nas calorias. acordei tarde por isso comi só meia torrada de pão de espelta. almocei em casa dos pais do manel uma corvina no forno com batatinhas, cebolinhas e uma salada de tomate e mozarella. acompanhei de um sumo de laranja feito na bimby. estava óptimo. lanchei um iogurte grego com uma colher de sopa de granola e jantei uma grande pizza com cogumelos e cebola - tinha fiambre mas a maior parte foi para o kiko. para ser sincera, fiquei a sentir-me um bocado mal disposta com a pizza. não sei se foi dos ingredientes ou de ser muito grande e a minha gulodice me ter levado pela melhor - comi-a toda! hoje recomeçamos, definitivamente, para continuar e sem excepções aos fins de semana. 

com um pé em junho.

maio está a passar num ápice. quando der por mim estou a ir na minha viagem de duas semanas e logo, logo a embarcar para ir para nova iorque. parece ser um assunto recorrente e praticamente não o consigo evitar quando falo com outras pessoas. sim, estou quase a ir embora, sim estou a sentir-me ansiosa, sim, não quero falar sobre o assunto. não suporto a ideia de que é isso que me define neste momento. vivo independentemente disso e tenho mais conversas para ter. não quero discutir como vai ser quando chegar, onde vou viver, o que vou fazer, como é com trabalho. não sei! não sei mesmo. quero aproveitar enquanto ainda estou em portugal e não ser fatalista ao ponto de estar com as pessoas porque me vou embora. quero estar com elas in spite of that. não é fácil evitar as perguntas e as curiosidades, mas deveria ser fácil encará-las. no fundo, elas relatam uma realidade que eu quero adiar até ao dia de me ir embora. depois, logo se vê.

dia 12

ontem nem quero relatar o que comi porque foi dia de celebração. o objectivo do fim de semana era celebrar os anos da minha mãe. desde a torrada com manteiga ao pequeno-almoço, à sobremesa da minha tia e aos copos de vinho branco, foi o dia pecaminoso. hoje já entramos na linha, dentro dos possíveis mas em lisboa, em nossa casa, é muito mais fácil controlar aquilo que comemos por não estarmos dependentes de terceiros para as refeições. não me interpretem mal, sabe sempre bem comidinha da mãe mas também sabe bem saber que não estou a cometer nenhum excesso.

dia 11

sexta-feira já acordei em lagos e começou o fim de semana das desgraças moderadas. comecei a manhã a comer um iogurte grego da danone açucarado e uma bolacha integral sem adições. almocei o resto do penne e bróculos de quarta e a minha mãe grelhou uns pedacinhos de perna de perú. para acompanhar fiz um sumo de laranja natural. no meu quintal de lagos temos uma árvore de damascos, uma mini versão de pêssegos peludos amarelos. todos os anos, por esta altura, dá uns damascos incríveis. doces, saborosos e óptimos para os intestinos - comprovado. nunca na vida conseguimos encontrar melhores que aqueles. passei o fim de semana a comê-los. antes das refeições comia sempre quatro. ao jantar comi arroz de tamboril com salada de alface e tomate. acompanhei com um copo de vinho tinto. depois de jantar fui sair e bebi uma corona com lima.

dia 10

quinta-feira acordei para limpezas. não tomei pequeno-almoço porque não tinha fome - coisa que não se deve fazer - mas para compensar fui almoçar sushi. reduzi no molho de soja e só escolhi pedaços que não tivessem aquele queijo creme que agora está na moda enfiar dentro dos rolinhos. comi shashimi, rolinhos e califórnias de salmão. para acompanhar dei uns golos no sumo de laranja do manel. à tarde lanchei uma mão cheia de amêndoas, bebi bastante água e à noite tive uma convidada para jantar. fiz perninhas de frango no forno com oregãos e azeite, castanhas e salada de alface e cenoura para acompanhar. de entrada cortei uns pepinos e deitei uma pitada de sal. bebi sumo de limão a acompanhar e comi morangos de sobremesa.

dia 9

depois de me levantar e despachar já atrasada para a aula só tive tempo de comer um iogurte natural com uma colher de chá de mel. durante a manhã não comi nada, só bebi água e quando cheguei a casa fiz uma salada para almoço. aproveitei um resto de feijão frade, alface biológica, abri uma embalagem de beterrabas já cozidas inteiras, parti aos pedacinhos e ralei duas cenouras pequenas. juntei tudo numa taça com uma pitada de sal e azeite. para acompanhar bebi água. para jantar fiz penne à base de farinha de milho com legumes que comprei no dia anterior no continente. para mim experimentei umas embalagens não confeccionadas mas de ingredientes seleccionados com dois tipos de cogumelos e espargos e para o Manel fiz bróculos e cenouras. a mistura era óptima mas demasiado para uma pessoa. sobra suficiente para o dia seguinte. acompanhei o jantar com água.

dia 8

ontem fez, portanto, uma semana que comecei na detox. o balanço geral é positivo mas não pensem que é tudo pêra fácil. propor-nos a fazer qualquer dieta que seja requer tempo, vontade, espírito, dinheiro, humor e pouca expectativa. tempo porque é obrigatório e essencial pensar bem nas refeições, comprar ingredientes frescos quase dia sim dia não e para confeccionar - por exemplo os sumos que dão algum trabalho. vontade porque não se deve fazer isto de ânimo pesado. devemos querer fazer e ter algum objectivo presente, que não apenas ser mais saudáveis. espírito porque uma pessoa que não está disposta a fazer sacrifícios deve virar as costas a este tipo de iniciativas. não vale a pena insistirmos numa coisa que não somos ou não temos paciência. dinheiro porque comprar coisas frescas e/ou biológicas em lisboa é caro. nas minhas idas a dois mercados, dois supermercados e uma padaria já gastei algum dinheiro e, para além de pagarmos pela qualidade pagamos pelo trabalho que as pessoas têm em, por exemplo, cultivar tudo fresco e vender ao público quase como edição limitada. humor porque nem sempre é fácil abdicar das coisas que dão aquele sabor viciante à comida e estar ciente de que vão existir dias em que só queremos engolir uma tablete de chocolate e não devemos. pouca expectativa porque as coisas nem sempre vão correr bem, especialmente na cozinha. temos de encarar a tentativa-erro como uma coisa natural e normal na evolução destas coisas (e de tudo). até agora os pratos que fiz não resultaram na perfeição, os sumos nem sempre ficaram a saber ao que eu queria ou as refeições fora nem sempre foram fáceis para manter o regime. dito isto, estou de cabeça erguida e vontade de continuar - mesmo que hoje o meu humor esteja bem negro - e relatar, porque na base da motivação está a partilha.

no dia 8, segunda terça-feira de maio e dia de anos da minha mãe, comecei o dia a comer uma banana biológica do mercado do campo pequeno e um resto de papas de aveia que tinha dos dias anteriores (dica: se fizerem com água dura muito mais tempo). antes do ginásio comi uma embalagem de frutos vermelhos que comprei no continente, durante bebi muita água e depois almocei seitan com azeite, favas e um bocado de esparguete sem trigo ou glúten. à tarde comi uma mão cheia de bolachas, também sem trigo ou glúten e um iogurte com uma colher de chá de mel. à noite fiz no forno um pargo com batata doce biológica e uma colher de sopa de favas. as batatas eram incríveis e ainda me sobrou uma para outra ocasião. acompanhei o almoço com o sumo de manga-laranja e o jantar com água.

dia sete

ao sétimo dia instalou-se uma preguicite aguda e o pequeno almoço foi o resto das papas de aveia, o almoço foram as restantes bruschettas com salada de alface e cenoura e um sumo de manga-laranja - novamente da autoria do manel - o lanche foi uma mão cheia de amêndoas, acompanhada por uma corrida de 45 minutos na quinta das conchas, e ao jantar fomos comer fora, com intenções de ir a um vegetariano que estava fechado e acabamos no tico-tico, em alvalade. comi favas mas acho que demais, e bebi um sumo de laranja. ontem não foi fácil porque também não tinha ingredientes suficientes para fazer alguma coisa diferente. hoje já fui ao supermercado portanto comida já não falta. entretanto, durante esta semana, já posso adicionar o frango e os seus vários membros. comprei peitos, pernas e hamburgueres de frango. amanhã é dia de balanços.

dia seis

ontem só nos levantamos porque tínhamos um almoço combinado para os lados do magoito com outro casal amigo. não tomei pequeno-almoço. só tive tempo de me despachar e saímos de casa. fomos almoçar a um restaurante na praia grande e estava a desejar um peixinho grelhado. as entradas vieram e, apesar de não ter tocado no pão, nem nas tostas, nem na manteiga, inconscientemente toquei no queijo curado. quando o pus na boca é que me lembrei e não ia deitar para o guardanapo. dividi uma dourada escalada com batata assada e legumes cozidos. estava qualquer coisa de divinal aquele peixe. tentei não desperdiçar porque pagamos bem e tinha bastante noção disso. não comi sobremesa e resisti a uma tarte de maça com leite condensado - acho que não parei de salivar até sairmos do restaurante. à tarde fiz umas papas de aveia com umas colheres de mel e à noite uma selecção de pequenos pratos. mais uma vez, feijão frade com atum, pepinos cortados ao longo com sal e bruschettas em pão sem farinha de trigo. não sei explicar o quão bem me soube o jantar de tão bom que estava.

jantar de domingo para o vosso deleito

dia cinco

sábado não foi dia de descanso. acordei relativamente cedo para me despachar e ir a um mercadinho que há no campo pequeno de agricultura biológica. comi um iogurte com uma colher de chá de mel e saí de casa. quando cheguei ao mercado dei uma volta de reconhecimento para perceber o tipo de legumes e fruta que vendiam e para escolher as barracas que mais me agradassem. levei para casa limões, morangos (docíssimos), couve coração, uma alface e bananas. almoçamos uma mistura de seitan com cenoura e couve flor e o manel comeu um resto de grão que ainda tinha sobrado dos almoços e jantares da semana. acompanhei com uma salada de alface e pepino. durante o dia fomos passear a belém e não fui ao ginásio. estava muito calor e por causa das dores estava mole. não lanchei, bebi 1l de água e à noite fomos inaugurar a casa de uns amigos que começaram a vida em casal. por saberem da detox, receberam-nos com salmão fumado e requeijão, cenouras em stick, uma mistura de courgettes, camarões cozidos, tomates secos, cogumelos e cous-cous e para sobremesa fruta com iogurte natural. o manel cheio de intensões fez um sumo de manga-laranja, com auxílio claro, que ficou uma das melhores bebidas que já bebi. bem fresquinho e saboroso - sem adição de açucar. resisti às amêndoas de chocolate e pastéis de belém que acompanharam a noite de jogos.

dia quatro

sexta o dia não começou muito bem. dormi mal, de manhã não consegui acordar e faltei à aula. quando isso acontece, é receita para mau humor o resto do dia. por outro lado, o manel fez-me o pequeno-almoço e levou-o à cama enquanto eu nadava em irritação. comemos melão aos cubinhos, um iogurte com uma colher de chá de mel, uma bolacha integral e sementes de girassol no forno com um bocado de sal. depois fomos ao ginásio a uma aula de rpm e outra de body pump. ficamos arrasados e o coitado ainda tinha de ir trabalhar duas horas. para o lanche, já ao final da tarde, descasquei uma pêra abacate, desfi-la e juntei duas colheres de chá de mel. fiquei cheia até ao jantar. fomos jantar fora com amigos ao mercado de campo de ourique e consegui manter-me fiel à dieta, com excepção dos dois copos de vinho tinto que bebi. de qualquer forma, vinho tinto faz bem ao coração se não for ingerido em exagero. comi uma salada de feijão frade, cebola e atum e salada de polvo. resisti às sobremesas. quando cheguei a casa começaram as dores musculares.

dia três

hoje acordei já eram dez e meia e tinha combinado ir almoçar com uma amiga. por escolha dela fomos a um vegetariano na avenida da igreja. bebi um sumo de cenoura e laranja, comi um prato com várias saladas, seitan, um molho de caril (que não me souberam dizer de que era feito) e arroz integral. não senti que tivesse feito nenhuma transgressão só tive pena de não me dizerem de que era feito o molho. à tarde lanchei duas tostas integrais, bebi bastante água e fiz uma caminhada de uma hora e meia. à noite fiz salmão no forno com azeite, salada de alface, pepino e grão. não fui ao ginásio mas compensei com a caminhada.

dia dois

quarta-feira comecei o dia com um iogurte, uma colher de chá de mel e um pêssego. adoro pêssegos nesta altura, sabem a verão. fui para a aula e logo a seguir para o ginásio. entretanto comi uma banana e bebi 0.5l de água. depois de me despachar do ginásio fui para casa e almocei o resto da salada de atum da noite anterior. durante a tarde comi uma mão cheia de amêndoas e continuei a beber água. à noite fui jantar a casa de um amigo e confeccionei esparguete sem farinha de trigo com legumes salteados em azeite. para sobremesa comi morangos. dois dias sem quebrar a dieta e a única coisa que não fiz foi dar o passeio na quinta das conchas.

dia um

comecei ontem o meu primeiro dia detox. na noite anterior conversei com o manel sobre isso e a vontade dele foi, também, de acompanhar-me no processo. para contextualizar, ele costumava ser profissional de ténis e a vida resumia-se a treinar, no mínimo, oito horas por dia. o descanso era só a dormir e a comida tinha de ser controlada ou a tender para o saudável. com o passar do tempo e desde que deixou de jogar, experimentou uma diferença na forma como se sentia e, daí a decisão.

comecei o dia a comer um iogurte com uma mão cheia de granola. um bocado pesado mas soube bem. fui dar um passeio de meia hora na quinta das conchas e logo de seguida fazer uma aula de rpm. depois de um compromisso à hora de almoço fui a casa comer um prato de sopa (porque não tinha a comida que precisava) e fomos ao mercado de campo de ourique. fyi, o mercado na parte da tarde tem menos opções de escolha e funciona praticamente só de manhã. não sabia. compramos 20€ de frutas e legumes frescos com um cheiro intenso e um sabor ainda melhor. depois fomos ao continente comprar os grãos, feijões, peixe e aperitivos - amêndoas, sementes de girassol, bolachas de arroz. em casa lanchei um pêssego e fizemos sumo de laranja natural para ter o resto do dia. ao jantar cozemos bróculos, cenouras, abrimos uma lata de grão e duas de atum. juntamos tudo com um fio de azeite e boca à obra.

apesar de ter sido só o primeiro dia não passei por momentos de enjoo, má disposição ou dores de cabeça. e fui sempre bebendo água. controlei as doses com uma garrafa de meio litro. três fazem um litro e meio. não há que enganar.

dia zero

a partir de amanhã vou fazer a minha primeira dieta detox. ultimamente tenho ouvido falar neste tipo de abordagens por todo o tipo de pessoas e a associação à palavra dieta não é, neste caso, necessariamente para emagrecer. preciso de limpar o meu organismo do que tenho andado a comer e de como me tenho andado a sentir. tenho lido o suficiente sobre o assunto para perceber que, para uma pessoa que tem várias intolerâncias alimentares, deveria seguir um estilo de vida mais saudável. já me preparei com o que comer, o que não comer, o que se deve fazer em método de preparação e como planear as refeições. comecei por organizar uma lista de compras que tenho de fazer no supermercado ou, se possível, num mercado e por definir objectivos. há quem sustente a detox de três, sete ou vinte e um dias. eu vou optar pela de vinte e um e tentar continuar depois disso. vou começar a fazer caminhadas de manhã, tanto pelo exercício como para me levantar e começar o dia mais cedo. vou regularizar as minhas idas ao ginásio a cinco por semana. vou tirar tempo para aprender a meditar e acalmar-me quando me sinto mais ansiosa - especialmente agora que há viagens de avião eminentes - e a sentir-me melhor na generalidade. um rapaz meu conhecido relatou que quando começou a ter cuidado com aquilo que punha à boca sentiu uma melhoria em vários aspectos. humor, mais energia, menos cansaço, mais vontade de fazer exercício. e isso para mim é importante nesta fase em que estou a precisar de me preocupar e motivar com alguma coisa. parece-me uma boa forma de me levantar. como no html, aqui também vou considerar o dia zero, hoje, como o dia de preparação. já estou com o equipamento vestido, pernas cruzadas, copo de água ao lado, pronta para me mentalizar. alez!

a merda e as implicações.

como acontece a uma maioria das pessoas, é preciso bater no fundo vezes sem conta para nos apercebermos que alguma coisa tem de mudar. não é o nosso namorado, a nossa mãe, os nossos amigos. somos nós. eu tenho de fazer alguma coisa por mim. não pelos outros. encarar a realidade, saber e perceber aquilo que está mal e tem de mudar. afinal mudamos todos. a condição humana e do próprio universo são as mudanças. a própria genética sofre mutações (para melhor ou pior) mas sofre. não somos excepção e para isso é preciso dedicação e esforço e muita paciência. estes últimos meses sinto que não tive bem consciência da minha condição, do meu estado. limitei-me um bocado a existir apesar de ter casado, ter começado uma fase diferente e ir enfrentar uma mão cheia de desafios nos próximos 6 a 12 meses. mais uma vez vou ter de lidar com despedidas, últimos momentos, abraços e até "jás" que parecem não ter fim. para acrescentar a isso, o pânico do avião não ajuda e intensifica as emoções. uma merda. mas também, se eu não fizer ninguém vai fazer e fico sempre com histórias para contar. tenho uma grande amiga que sempre me disse que um dia eu ia viver para nova iorque e agora que isso se tornou realidade lembro-me da criança que ouviu isso, concordou e ingenuamente rotulou isso do seu sonho. mas vai mesmo acontecer num futuro nunca palpável. pelo menos o bilhete de avião dá alguma legitimidade ao assunto. isso e o visto no passaporte. visto de mulher casada que vai com o marido para a américa. dá vontade de mandar outra merda. e até lá só tenho de me organizar, física e psicologicamente. merda.

não sei mais o que fazer.

quero acreditar que todo este esforço vai ter recompensa e que as coisas não são feitas em vão. ninguém gosta de desperdiçar tempo e eu não sou excepção. o que resta é a esperança de que dias melhores vêm sempre. uma pessoa pode entreter-se mas a determinada altura atingimos um ponto de esgotamento em que as listas imaginárias não são suficientes para nos manter a cabeça ocupada. pelo contrário. são elas que nos deixam, ao final de cada dia, entediadas com a vida que estamos a conduzir. e sim, depende de mim, depende da minha vontade, do meu esforço e é muito fácil criticar quem está na mesma situação ou pior antes de falarmos de nós. mas a preguiça aliada a uma grande insegurança por este clima tão instável desenvolve criaturas que preferem não arriscar com medo de ser baleadas em campo. quando nem um trabalho de promoção é assegurado, o que é que as pessoas querem que façamos? e quando falamos do assunto só se chorarmos é que se percebe que estamos a sofrer com isso e tudo o resto na nossa vida perde o balanço que deveria ter. surgem problemas de todas as frentes e não temos forma de os controlar. só deixar o tempo passar e esperar pelo melhor, de nós, claro, sempre!