ontem tive uma situação um bocado fora do comum. em reunião com um cliente, à espera de um LPO, uma espécie de recibo, começámos a falar sobre religião, morte e crenças. a pessoa em questão tem origens indianas, sexo masculino e viveu praticamente a vida toda em sidney. mudou-se para o dubai nos últimos anos e aqui permanece porque gosta do tempo (crazy people!). já não me lembro a propósito do que é que surgiu a conversa religiosa e afins, mas ele ficou algo chocado por saber que não sou religiosa e ateua. ele perguntou-me se eu sou infeliz, se aquelas conversas me deprimem e, então, porque é que eu não acredito. não sou infeliz por acreditar em factos, mais que em forças ou crenças, deprimem-me um bocado no sentido em que a vida é demasiado efémera e curta. penso nisso um bom pedaço e saber que devemos aproveitar porque this is it, acho que dá um gostinho diferente. para mim qualquer religião é uma forma de sentir conforto em relação à nossa existência. não acho que seja de fracos, nem pouco mais ou menos. acho que é uma opção e serve precisamente para as pessoas acreditarem que têm um propósito, que as coisas não são em vão e que a nossa passagem por cá não é, ou deve ser, um dado adquirido. acredito na ciência e nas crenças da ciência. acredito em fazer coisas boas para receber coisas boas. acredito em não tratar mal os outros. acredito em aproveitar as situações e os momentos - mas nada de carpe diem que isso é exagero. acredito que o carpe diem também precise de um dia só para dizer merda e mandar todo o mundo para o cacete. há dias que não são os nossos e ponto. ele disse-me que acredita que as almas ressuscitam noutros corpos e que, olhando para os olhos das pessoas conseguimos perceber a idade que têm. não a idade física. acredita que os milionários de hoje são os benfeitores de ontem e que as criancinhas que morrem em áfrica esfomeadas e com sida são os terroristas do passado. a teoria é um bocado fucked up e sinceramente não sei bem o que fazer dela. não acredito em criarmos a nossa própria religião e acabo por ser um bocado extremista nestes casos: ou se é religioso ou não. não há meio caminho para as coisas. quem está a meio termo acaba por ser cínico. gostava de conseguir acreditar em alguma coisa. que o einstein era uma alma já velha, que tinha visto mares e terras e, por isso, era um génio. que o galileo já sabia que era a terra que andava à volta do sol e não o contrário porque se fartou de estudar nas vidas anteriores. mas se é assim, de onde é que nascem as novas almas? de onde é que vieram? estão sempre a ser recicladas? reproduzem-se e produzem alminhas bebés? há sempre gralhas nas crenças e religiões. já é amiga ciência, diz-nos as coisas como são. preto no branco.
Sem comentários:
Enviar um comentário