foi o último ano que a minha avô celebrou o aniversário. não me sai da cabeça que não estive com ela nesse dia. não me sai da cabeça que fiquei em lisboa para enviar currículos e portfolios. não me admito esse grande, grande erro. ainda me lembro da última vez que estivemos todos juntos. os netos, os filhos, o marido e ela. foi uma semana antes de ela sair do hospital. na sala de visitas. o quão bem disposta ela estava. antes de completar um mês do aniversário, morreu. morreu e foi das vezes que mais chorei na vida. foi uma das pessoas que mais me custou perder e ainda hoje não acredito que quando vou a portugal não a vou ver. nunca me dei bem com o meu avô, ele sempre teve aquele comportamento de que os homens são mais importantes portanto qualquer coisa que eu faça é-lhe praticamente irrelevante. quem sempre me foi querida foi a minha avó porque eu era a menininha com quem ela mais tinha contacto e relação. passou-me a paixão pelas malas. adorava malas. adorava comprar-me malas. e hoje quando penso nela fico triste e de cada vez que penso nela choro, porque tenho tantas saudades e não me cabe o mundo sem ela. não me parece funcionar bem e se querem que vos diga, não tive tempo para absorver o que se passou, nem para realmente ultrapassar. dois dias depois do funeral já cá estava e sinto que fugi um bocado. fugi à responsabilidade de sentir verdadeiramente a perda da minha avó. a vida continuou menos real. parece-me temporário. tudo só para dizer que tenho saudades da minha avó.
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