há duas noites fui ao cinema de portimão ver um filme (em alternativa a outro porque cheguei atrasada) e, como previsto, foi terrível. Day and Knight - tradução portuguesa Dia e Noite - é a típica comédia/acção/romântica que nos deixa revirar os olhos umas quantas vezes enquanto assistimos à sucessão de clichés cinematográficos a que estamos tão habituados. independentemente disso, fiquei a pensar numa das cenas onde a personagem principal, interpretada pela Cameron Diaz, via-se ao espelho e debatia-se sob a vontade de ter uma atitude espontânea e fora do comum para o que era a sua vida.
fico a pensar se não devemos todos ter este debate e realmente fazer o que queremos. tenho falado muito sobre isso e, principalmente, por Lagos ser uma cidade pequena onde se sabe tudo sobre todos e está sempre alguém à escuta, compreende-se que qualquer coisa (espontânea ou não) que façamos, vai ser sempre descoberta. assim, Lisboa prende-me por isso. pelo descompromisso. pela falta de pessoas conhecidas que possam estragar momentos importantes ou até menos importantes, mas que liderem as nossas emoções e sentimentos. ninguém sabe nada e só vem a saber que nós queremos - apesar de aí, nessa situação, estamo-nos a expor perante a confiança de outros que, bem sabemos, é bastante perecível. o que me faz questionar, portanto, se em Lagos, uma cidade tão pequena, há espaço para a espontaneidade, a vontade própria, sem sermos apanhados numa rede de más línguas, de olhares e falatório. não é que isso me preocupe, porque ao fim do dia, devo explicações e justificações a mim e mais ninguém, mas não deixa de ser um estúpido entrave, quase convenção, que nos impede.
fico por isso sempre de pé atrás quando me quero dar ao luxo de fazer uma vontade. emocional ou racional. sem ter de ouvir sermões que está certo ou errado. cada um deverá saber que o que faz está certo ou errado. e ninguém tem o direito de se sobrepôr com opiniões feitas por pensar que sabe mais que os outros. tenho dito.
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