acho que tive uma revelação. descobri a minha insatisfação ultimamente. tornei-me cínica face a algumas pessoas com que convivo ou me dou. descobri que deixei de ter paciência para certas coisas e não sei porquê. independentemente de ser sábado à noite e eu estar em casa por motivos pouco relevantes - que deveriam ser ressaca ou doente - em conversa à distância compreendi melhor a minha frustração. cansei de dar parte de mim para receber absolutamente pouco ou nada em troca. mais que me confessar, desabafar ou importar, gostava de poder partilhar. a tal relação do recíproco parece não existir na minha vida nos últimos tempos. só dar, dar, dar. percebo bem a sensação, é estranhamente familiar. mas não deixa de me tornar céptica das relações - sejam de amizade ou de amor - levando a comportamentos idiotas e frágeis. de menininha perdida no meio do supermercado. é verdade que estas coisas só acontecem porque uma pessoa deixa. mas acredito que todos crescemos, mas nunca mudamos. mantemo-nos fiéis a algo que aparece numa fase de crescimento ou da adolescência ou até aos 21 anos se quisermos e ficamos com ela até sempre. crescemos, aparecem representações nossas que não correspondem à realidade mas vamos ser sempre aquelas criaturinhas com falta do dente da frente a jogar à apanhada, à espera da nossa vez, para logo a seguir sermos apanhados. entristece-me pensar que também eu sou assim. mas que consigo dar alguma vazão a tudo o que faço. ao passo que outras pessoas seguem e fazem precisa e exactamente aquilo que me vai magoar. não consigo perceber se intencionalmente ou simplesmente, o mundo não gira à minha volta. fazem porque lhes apetece, porque é o que é suposto. o que se esquecem é que tem repercurssões e, eu, sinto muito, sinto-as. em vez de ires embora, devias ter ficado. em vez de fumares, devias parar. em vez de enfardares devias comer. em vez de abraçares devias compreender. vou passar a vida a tentar agradar as pessoas e em raros momentos de lucidez satisfaço-me a mim mesma. assim os disseram estes 21 anos. que vão a meio. que nada me dizem e me enloquecem.
são estas barbaridades que eu penso aos sábados. tudo, porque já me cheira a domingos. e eu detesto domingos. é o dia da chuva, de ficar em casa, das despedidas, de engordar, da moleza, do ócio, do trabalho, do trabalho árduo, dos pormenores. é um dia péssimo.
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