terça-feira, 30 de março de 2010
estupefacientes
também depois de ver uma série - cujo nome não vou revelar não se lembre a produtora de me vir chatear - fiquei a pensar no quanto gosto que as pessoas me apareçam de surpresa. só para dizer olá, dar um beijinho ou mesmo desabafar. me telefonem e digam olha, estou aqui em baixo ou estou cá fora. é óptimo. pensar que se lembraram de mim. ou mesmo que não seja em presença física. adoro esse tipo de mimos discretos que tão pouco se vêem. é chato não ser sempre lembrada ou parecer que as pessoas se esquecem. sou do tipo que se lembra de tudo o que me é importante - e que pode não ser para as outras pessoas - mas fixo muitas coisas e as memórias são muito selectivas. desde criança que sou assim. e com o tempo, os outros vão apagando, fazendo delete sem sequer considerar preocupação alheia. eu sei, também sou assim e posso não ligar a uma coisa que me tenham dito ou eu tenha dito/feito. mas a verdade é que, quando me dão lapsos, mando mensagens ou telefono que me farto até falar com a pessoa de quem me deu saudades. e raios partam quando me dizem isso é só uma ideia que tens daquilo que eu fui (mais que uma pessoa se saiu com esta). acho especialmente precioso dizerem-me isso. claro que só posso ter saudades de uma coisa que foi. porque as saudades são necessariamente passado e, portanto, sinto falta do que era. e às vezes faz bem lembrar que em tempos as coisas se passavam de maneira diferente. o que deveria contar - para outrém - é o facto de eu estar a lembrar-me e realmente materializar essa lembrança. ora pois, é tudo mandado ao catano e esquecido com a recepção de outra mensagem, encontro de outra pessoa ou ocupação noutro afazer. desgraça total para mim que ainda me dou ao trabalho! mas claro, não posso generalizar nem pensar que as vidas dos outros se passam à minha volta. só de vez em quando, era bom que assim fosse. e agora vou dormir que amanhã apanho o comboio para lisboa muito cedo.
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